Desisti de ser mulher
Destruo-me feroz e folha branca invento,
desfaço-me da inércia, anônima nociva...
Em traje rico falso, estéril e lasciva,
ofendo à natureza e me ofereço ao vento.
Qual flor ferida ao mel e sem meu fero intento
defloro-me integral na lágrima cativa...
À chuva amargurada elevo a tez altiva,
corrompo-me em falsária e és tu meu réu sedento.
Adoro-te no macho - um fêmeo sem talento –
que avilta meu rugido encarniçado - e proba,
amorfo ser mulher - desfaço-me em tormento.
Soluço ao beijo teu – u’a flor apaixonada –
e após fazer amor reluto - viro loba,
desisto da mulher - sou nunca mais... um nada!
Cabo Frio, 19/25 de outubro de 2009 – 00h44