Meu corpo alado
Afoita em ti debruço e teço ao linho
o firmamento em sons, que à insensatez
faz-me aranhuça ao vil prazer que aninho.
Eivo elemento, à terra afundo a tez.
Obsessão és tu meu desalinho,
quero ser luz e sou tua soturnez,
quero ser suco em sulco e sou teu vinho.
Preciso ser-te um grito e sou mudez.
Procuro-te nos sóis fervente estrela
e faço-me tua deusa. Almejas vê-la?
Sou teu amargo e doce pensamento!
Solto ao teu gosto o mel dos meus cabelos
que ondulam ao teu som. Irás prendê-los?
Tenho asas... no teu céu, sou encantamento!