Entre a Água e a Terra

No liso limo, sobre as pedras parcas,

Pequenas, sólidas, o encharque insosso.

Na extensa encosta lacustral, um fosso...

Pequeno tanque nonde pairam barcas.

E entre a água e a terra, vem viçoso

O olhar frugal, o olhar sagaz da garça.

Mas não cruel, sequer valendo a farça:

Sacia-se só... por si é um ser cioso.

Ainda estando no lugar mais belo,

Por entre tantas vistas, lírias flores,

A vida nunca irá saciar-se pelo

Externo, quando há sequiosas dores.

Eu sempre vi-me entre a água e a terra

Tal qual uma garça espera a sua gerra.

Edmond Conrado de Albuquerque
Enviado por Edmond Conrado de Albuquerque em 14/01/2010
Reeditado em 14/01/2010
Código do texto: T2029266
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