A sempre-viva
Eis ela que, sempre-viva, exala
Para mim o mais doce dos olores
Marquesa de lúgubres sabores
Sobre o leito de flores repousada
Pele setiforme sobre o corpo despido
Lúcida contra velas acesas
Cabelo solto como véu de noite envolto
De estrelas, elucidário de enigmas
Acalentada nos braços do Divino Supremo
Graciosa, cai no sono ao som das harpas
E repousa no sonho sempiterno
E eu, solilóquio, em versos rápidos
Relembro a formosura do seu corpo
Nu na minha paramnésia.
[N.A] Sempre-viva: Bot. Planta da família das asteráceas, vulgarmente conhecida por perpétua.