Soneto de Um Soneto
A réstia de luz vem; da lamparina o brilho.
Não é lamparina. É só tecnologia...
Florescente abajur que esse papel tangia...
Agora é sombra; pras frases mornas, o trilho.
Eu me perco, me entrego e aqui que eu me acho.
Escrivaninha... a mesa, as letras num recanto.
O quanto eu possa vou vestir-me deste manto,
Dispor-me a saciar minha sede em seu riacho.
Como que se fosse ao cálice transportado
Como o odor de uma flor, pelas sépalas vindo,
Pelas linhas descendo e trilhando o terceto.
Represado nestoutro, agora, alquebrado
Pelo instinto purista e métrico advindo...
E humilde, apago a luz, chego ao fim do soneto.