Soneto de Um Soneto

A réstia de luz vem; da lamparina o brilho.

Não é lamparina. É só tecnologia...

Florescente abajur que esse papel tangia...

Agora é sombra; pras frases mornas, o trilho.

Eu me perco, me entrego e aqui que eu me acho.

Escrivaninha... a mesa, as letras num recanto.

O quanto eu possa vou vestir-me deste manto,

Dispor-me a saciar minha sede em seu riacho.

Como que se fosse ao cálice transportado

Como o odor de uma flor, pelas sépalas vindo,

Pelas linhas descendo e trilhando o terceto.

Represado nestoutro, agora, alquebrado

Pelo instinto purista e métrico advindo...

E humilde, apago a luz, chego ao fim do soneto.

Edmond Conrado de Albuquerque
Enviado por Edmond Conrado de Albuquerque em 15/12/2009
Reeditado em 06/01/2010
Código do texto: T1978891
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