Crisálida de Um Poeta

É o poeta um bicho-da-seda,

Um inseto medonho, também mesquinho,

A larva ébria, molesta de vinho,

A vagar sozinha por su'alameda.

Até que teça a sua crisálida

Macia, leve e cheia de brilho.

Na sericicultura deixa um filho...

Ali, morrerá sua beleza pálida.

Pra que vestidos, gravatas e xailes...

Os frutos poéticos apareçam,

Na morte da alma do próprio bicho.

Dali vem a seda, o amor... Que esqueçam!

Deste modo teço com meu capricho

E meu produto, só pr'amantes vai-lhes.

Edmond Conrado de Albuquerque
Enviado por Edmond Conrado de Albuquerque em 29/10/2009
Reeditado em 06/11/2009
Código do texto: T1893743
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