Crisálida de Um Poeta
É o poeta um bicho-da-seda,
Um inseto medonho, também mesquinho,
A larva ébria, molesta de vinho,
A vagar sozinha por su'alameda.
Até que teça a sua crisálida
Macia, leve e cheia de brilho.
Na sericicultura deixa um filho...
Ali, morrerá sua beleza pálida.
Pra que vestidos, gravatas e xailes...
Os frutos poéticos apareçam,
Na morte da alma do próprio bicho.
Dali vem a seda, o amor... Que esqueçam!
Deste modo teço com meu capricho
E meu produto, só pr'amantes vai-lhes.