DEGREDO
Fátima Irene Pinto
 
Ó degredado ser que geme e chora,
Pelos cantos da vida, dolorido,
Ó desvalido ser que tanto implora,
Um mínimo de alento, um doce abrigo ...
 
Dá-me tua mão, sem medo, vem comigo,
Repousa no meu ombro as tuas dores,
Esquece o exílio amargo e sem amigos,
Só eu posso avaliar os teus horrores ...
 
Se sou samaritano ou cirineu,
Ou um anjo bom que atendeu-te as preces,
Esquece ... que isto agora não importa!
 
Teu brado o universo percorreu,
E foi tão lancinante! Eu vim às pressas!
E eis que agora eu bato à tua porta!
 
(Serei o amor que nunca conheceste,
E a paz que, em toda a vida, não tiveste.
O pão pelo qual tanto suplicaste,
O abrigo que tu sempre mereceste.)