OBRA
Admira minuciosamente o pintor a asa bela
Tão longe do sol, tão longe do céu espera,
Espelho da alma, rio de água clara, é ela.
Brisa que sopra carinhosamente à vela!
Asa de anjo livre, gotas sobre a pele.
Tão longe do chão, longe do sol espera;
O espanto de um beijo que revele
A sombra da alma, um jardim e uma cela.
Admira então o pintor a obra eterna;
Sabe ele que bem longe da terra
Num espaço frágil como a criatura
Guarda no tempo a criação só sua:
Corpo, asa e alma numa esfera.
A vida inteira em uma pena amarela.