SHAKESPEARIANA
Ofélia, pura e em silêncio adormecia,
O corpo rasgado no escuro lago
Lembra o poema e a linha fria
Que está entre a névoa e o dia claro.
Ela, inerte agora, tampouco suspira.
É umidade apenas, simples vazio.
Um rabisco de verso, monotonia.
Cujos braços suscitam mais frio.
O lago, túmulo singelo e nobre,
Expia pensamento e coração
Transborda-os em águas claras
Ao fim do soneto o que o cobre:
A penumbra da floresta... Sonho vão
Ofélia perdida entre as palavras.