LÍNGUA

Língua breve, toda clara, toda escura,

Aos poucos caminha, para, continua.

E entre o areal, a bruma, a leve chuva.

A face se mostra, inquieta e muda.

Língua instante – objeto nada – rara, pouca.

Para, continua, para, tonta e louca.

Ensaia um grito, uma palavra, outra,

A voz se insinua, miúda e rouca.

No entanto, nas contradições do descaminho,

Faz-se a língua na própria língua

Faz-se o verso em todo o canto.

O poeta, imagem irreal, o instinto,

Busca a palavra, suga-lhe o sentido.

Regurgita o poema sob aplausos e espanto

CAMPISTA CABRAL
Enviado por CAMPISTA CABRAL em 01/10/2009
Código do texto: T1841440
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