Soneto à minha Mãe

Soneto à minha Mãe

1983

Ah! Quem me dera ter os braços quentes

Como agasalho ao frio da febre ardente

Que ora maltrata a minha Mãe doente

Não a tire de mim ainda ó morte ingrata

Se tão criança sinto-me, agora embora homem

Seja. E Ela é como noite de luar de prata

Ela que tanto lutou para ver-me homem

Servindo-me sempre de agasalho ao vento

Que o destino sopra em minha cara

Se Ela pode não ser Santa, mas é-me tão cara

Que um altar em louvor erguerei em minha sala.

Agora enferma parece criança e o tratamento

Que ela faz tortura e ela geme, geme e chora

E até por isso, às vezes, pede para ir-se embora.