A DESEJADA

Onde está a desejada da minha alma,

a mulher que criou janelas, portas e abismos

e se escondeu de todos os meus caminhos?

Antes que o tempo destrua minha calma

Eu quero me debruçar sobre sua presença.

Ou sobre sua lembrança. Preciso de um prisma

Para celebrar as suas cóleras, as suas cismas.

A desejada da minha alma é uma sentença

Que ficou no avesso controverso do fichário,

é o verso rabiscado em um momento raro,

é a urgência escrita desta brasa imaginária.

Sou o construtor desta mulher lendária

que me habita como botequim ignaro

e me faz louvar até as mágoas mais ordinárias.