Soneto Descompassado ao Fenecimento

“A podridão me serve de Evangelho...”

(Augusto dos Anjos in: Monólogo de uma Sombra)

Nos tempos mais vernos uma alegoria

Pára sorrateiro em frente o solar

Um vulto agreste que vem assolar

Despir a meninice de sua glória

E o que sobra é sempre amaro, memória

Coagida por receios, por ausências

Furta o ser de plenas experiências

Nunca o agraciando com euforia

Por isso o élitro jaz bem hermético

À cesurar, em descompasso, o busto

Que ostentava outrora o epíteto augusto!

Salienta o hirsuto traste, zoomórfico:

Invejar o aprumo eterno de querubim

Nas bochechas salpicadas de carmim