AH, DÊEM-ME ROSAS!

Quis Deus que eu fosse esta fraca figura,

Que não tivesse nem terras nem empresas,

E deu-me por espinhos excessiva ternura

Com que visto as minhas muitas incertezas.

E o sono vem sempre tarde por esta altura,

Quando a partilha é solidão e reais certezas...

E o vetusto caminho, de minha candura,

É uma paisagem vazia de mãos ilesas.

Assim sou dois, o que quer e o que rejeita.

E revolta-se-me o coração, a toda a hora porvir,

A vida e com ela o amor que me enjeita.

Ah, dêem-me rosas, e um mar de calma!

Brancos braços de mulher onde dormir,

O meu desassossego, a minha alma!

Jorge Humberto

(07/08/2003)

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 12/04/2006
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