A sede que alimenta a si mesma
É instinto que nem sempre é vital.
Correr até cansar-se virar lesma,
Pode esmorecer e ser letal.
Olhar o que o desejo tem de belo,
Beber com o olhar ao invés da boca,
Sacia um pouco a sede de quere-lo,
Desejo imediato e sem troca.
A sede tem desejo, ânsia e força,
Impele quem a sente ao abismo,
Mas juntos no abismo ponho aterro.
Em sede assim não age quem se esforça,
Nem sente em sua boca dor ou trismo,
Desejo não matar a sede em erro.
Nem sentir o desejo que enforca.