MACUMBA

Arranhaste meu brio que ainda pustula;

nunca mais me curei da peçonha na veia;

fui além de mim mesmo ao seguir cada bula

de preparos; raízes; cipós; lua-cheia...

Foste aranha eficaz ao teceres a teia;

teu poder me possui com rompantes de gula;

no deserto em meu ser, tempestades de areia

vêm e vão das lembranças que minh´alma ovula...

És pecado e castigo na minha crendice;

digo sempre ao juízo, mas quem foi que disse

que a cabeça tem força contra o sentimento?

Meu orgulho reluta mas não sai da tumba

nem por mantra, exorcismo, ritual, macumba;

tua imagem debocha do gume do vento...

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 04/08/2008
Código do texto: T1112544
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