SONETO EM CAMISA-DE-FORÇA

Dou alface aos meus versos; dou suco de ameixas;

caminhadas constantes nas asas do ar,

pra deixá-los mais ágeis que ninjas e gueixas;

com leveza capaz de fazê-los voar...

Tomam banhos de orvalho; arco-íris; luar;

trago sempre molhadas as suas madeixas;

não os canso demais nem os deixo suar,

para vates de arcádias não tecerem queixas...

Mas nem sei se consigo fazê-los a gosto

desses vates vencidos, cobertos de mosto,

que não podem comer um poema com sal...

Chega disso; estou farto; de fato me canso;

sou poeta que às vezes precisa do ranço,

da fumaça e do pó do poema braçal!

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 01/08/2008
Código do texto: T1108673
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