LÁBIOS
Eu não quero mudar minha maneira de ser;
Porque não ser-me-ia grato; ficaria sem chão;
E, de certa maneira, eu não poria contextualizar;
Expressar a minha existência que precede a essência.
Eu não quero mudar porque sou verdadeiro
Dentro desse universo que emana de dentro de mim;
E que às vezes despotada pelo tempo, resisto!
Porque sou agraciado pela gratidão e renúncias.
Se eu mudasse, é claro, deixaria de ser vida;
E passaria a vagar por mim mesmo em nulidade;
A ser o senhor que perdeu-se na solitude esmiuçada.
Ó, poderia eu mudar o tempo que me percorre?
Através do vento que nunca nunca morre em mim?
Não. Existo em minha vida o meu silêncio contido;
E jamais deixar-me-ia me perder nessa vida d'amor;
Que mesmo num caos, sou abençoado pela luz divinal.
Sérgio Gaiafi