SOFREGUIDÃO

As lâmpadas se apagaram porque as lamparinas estavam acessas;

E o meu corpo frêmito de desejo, no entanto, adormecia no chão;

Enquanto o silêncio pairava no ar como o sol de inferno;

Porque tu bebias a última gota de conhaque em solidão.

Estavas embriagado n'alma em torpor e deleites...

E os meus sonhos deliravam fantasias de olhos fechados;

Num sono profundo, solitário, vazio, meio aos tantos devaneios;

Perda de amores que perduravam-me em graça pelas horas que passam.

Ó sofreguidão, pela escuridão cega das luminárias apagadas;

Faz-me uma prece para eu não despertar de solidão em sono;

Que torna o meu amado fustigado, languido, com gotas de orvalho;

A dizer-e o quão é grato perdoar-me diante de um porquê;

Porque o deixei macambuzio, recatado no canto, um sofrer.

Sérgio Gaiafi
Enviado por Sérgio Gaiafi em 12/06/2020
Código do texto: T6975104
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