SOFREGUIDÃO
As lâmpadas se apagaram porque as lamparinas estavam acessas;
E o meu corpo frêmito de desejo, no entanto, adormecia no chão;
Enquanto o silêncio pairava no ar como o sol de inferno;
Porque tu bebias a última gota de conhaque em solidão.
Estavas embriagado n'alma em torpor e deleites...
E os meus sonhos deliravam fantasias de olhos fechados;
Num sono profundo, solitário, vazio, meio aos tantos devaneios;
Perda de amores que perduravam-me em graça pelas horas que passam.
Ó sofreguidão, pela escuridão cega das luminárias apagadas;
Faz-me uma prece para eu não despertar de solidão em sono;
Que torna o meu amado fustigado, languido, com gotas de orvalho;
A dizer-e o quão é grato perdoar-me diante de um porquê;
Porque o deixei macambuzio, recatado no canto, um sofrer.