A Livraria Mágica de Paris - impressões pessoais

Não me dou com best-sellers, porque meu gosto clássico me põe em fuga das novidades literárias. Mas não posso deixar de exprimir a minha surpresa com a leitura deste livro que já considero uma brilhante prosa poética da contemporaneidade com retoques nostálgicos de uma França apaixonante. Pura poesia com aroma de lavanda do início ao fim, com idílicas paisagens da Provence que ambientam a bruma da saudade, da solidão, do encontro e do amor.

Embora tenha me chamado a atenção há certo tempo, a recomendação de uma pessoa me impulsionou a adentrar no encanto desta história. E o que me fez encontrar essa pessoa foi justamente… livros! Participo nos bastidores do projeto literário de meu companheiro, cuja ideia é a seguinte: se por alguma razão, você tivesse que deixar sua biblioteca pessoal, quais livros levaria consigo? Chamou-me a atenção o livro desta resenha ter sido um dos escolhidos pela pessoa entrevistada, mas agora entendo perfeitamente, A Livraria Mágica de Paris também passou a ser um dos livros de minha maior predileção.

Livros unem as pessoas, e Nina George soube explorar com maestria o poder de cura por meio da leitura, dos personagens que nos refletem e das ficções que nos fazem sonhar. A trama nos envolve e docemente nos acaricia, somos guiados pelos pensamentos de Monsieur Perdu, o livreiro que encara os livros como remédios para cada ávido leitor que visita sua loja de livros. Cada história contém a dosagem exata de magia, aventura, humor ou suspense, em perfeita posologia.

O timbre romântico da leitura dá protagonismo à amada de Perdu, Manon, que o deixou com apenas uma carta, sendo que a indagação sobre o seu paradeiro e sobre o abandono deixado no coração do vendedor de livros norteia essa história, recheada de sentimentos e de ricas descrições. Cada personagem desempenha um papel poderoso na simbologia da renovação que as palavras contidas em livros nos proporcionam. Desde Max Jordan, célebre escritor em ascensão, até Catherine, a moça destinada ao amor de Perdu após a longa busca do livreiro, que culminou no reencontro de si.

Transformar um barco em loja de livros e navegar pelo Rio Sena com a companhia de viajantes que encontra em sua jornada é a belíssima metáfora dos caminhos que percorremos quando deixamos um escritor remar por nós, é deixar-se levar sem medo de desaguar no mar das emoções. Como disse Fernando Pessoa, navegar é preciso, viver não é preciso. Quando lemos, outros vivem por nós, e a imaginação despertada por um bom livro afasta qualquer resquício de precisão, mas dos livros precisamos, são eles o remédio de que nossa alma carece.

Flora Fernweh
Enviado por Flora Fernweh em 20/01/2025
Reeditado em 25/01/2025
Código do texto: T8245843
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