Nós e a Bíblia

Esta semana, na catequese infantil, o meu padre me pediu a minha Bíblia emprestada para fazer uma leitura. Ao folhear as páginas ele se intrigou, no bom sentido: "Você já leu a Bíblia toda?" Ele chegou a essa conclusão porque viu as minhas marcações e comentários no rodapé e margens da minha Bíblia.

 

Eu disse para ele que sim, já havia lido a Bíblia por completo algumas vezes. Ele me parabenizou e disse que existem sacerdotes que pouco lêem o livro santo ou só leem o mínimo necessário. Com esse comentário do meu padre e baseado numa opinião totalmente empírica, concluo o que eu já vinha pensando comigo há algum tempo: nós católicos lemos pouco a Bíblia.

 

Como eu já disse, essa minha observação é totalmente empírica. Não estou buscando dados científicos ou estatísticos. Mas partindo de outra estatística que ouvi dia desses: apenas 3% dos católicos vão à missa... É tudo à olho nu, e para isso vou levantar aqui alguns pontos que podem justificar essa falta de intimidade do católico com a Bíblia.

 

Católicos lêem pouco a Bíblia porque ela não está ao alcance da sua mão. Essa é a minha premissa inicial. E baseio essa minha afirmação fazendo um paralelo com os cristãos protestantes, comumente chamados de evangélicos ou até de crentes (no Rio de Janeiro até são chamados de Bíblia).

 

Todo "crente" tem pelo menos uma Bíblia para chamar de sua. Se numa casa toda a família evangélica, provavelmente, cada membro terá, pelo menos, uma Bíblia, enquanto nós católicos, parece que uma Bíblia para todo o grupo familiar é mais do que suficiente. Se numa casa protestante existem 10 moradores, provavelmente haverá 10 Bíblias. Numa casa católica, não importa o número de moradores, geralmente, existe apenas uma Bíblia, e de preferência, aberta em algum salmo "forte" na estante da sala, com as páginas amareladas de tanta poeira acumulada."Ah, George, com as facilidade de hoje, até Bíblia no celular existe, não se faz tão necessário  assim a Bíblia impressa em casa." Eu ouço esse tipo de argumento meio incrédulo. Mas, com os meus botões eu penso: se a pessoa deixa a única Bíblia da casa inerte numa estante por meses ou anos, vai baixar uma Bíblia virtual para ler no celular? Logo no celular onde existem centenas de distrações... Aplicativos brilhando como doces açucarados chamando a nossa atenção...

 

Outro argumento a favor dos "crentes" é que os filhos vêem os seus pais lendo a Bíblia com bastante frequência. Se as palavras convencem mas o exemplo arrasta, como disse São Francisco, aqui temos a plena aplicação desta frase. Os filhos vêem os pais lendo a Bíblia diariamente. Ao invés de passarem meia duzia de horas na internet, só passando o dedo para cima, ele estão lendo a Bíblia. Certo, hoje já mudou muito. Os evangélicos se adaptaram muito à modernidade. Mas, há vinte, trinta anos. Era só a Bíblia.  Como eu sei disso? Hoje sou católico, mas a minha formação inicial cristã foi evangélica. Se minha mente fosse um hd, faltaria espaço para armazenar as memórias que tenho do meu pai lendo o texto sagrado, e mesmo quando perdeu a visão, ele me pedia para que eu lesse para ele. Esse bom exemplo carrego comigo até hoje e procuro também incentiva meus filhos assim como meu pai fez comigo.

 

 

 

 

(Eventuais erros gramaticais e de concordância, por favor, me avisem nos comentários para que eu possa corrigí-los.)

 

 

 

 

George Barbalho
Enviado por George Barbalho em 22/11/2023
Reeditado em 03/07/2024
Código do texto: T7937678
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