LIMA BARRETO E OS CACHORROS DE RUA
O amigo leitor , de ambos os sexo, que vem a minha escrivaninha já percebeu que meu gênero preferido é a crônica, juntamente com os mini e micro contos. Mas, a crônica é a minha preferida. Pois bem, não só gosto de escrever assim como sou leitor. Para ler no momento eu baixei um livro em PDF do escritor Lima Barreto em um site de domínio público, antes que alguém me acuse de favorecer a pirataria.
É um livro de crônicas. Para ser sincero, não imaginava que Lima Barreto fosse cronista, assim como Machado também o foi. De Lima Barreto trago más lembranças de uma leitura forçada de Triste fim de Policarpo Quaresma. Foi ruim demais lê-lo pois era uma tarefa escolar e, você sabe como são as tarefas escolares. Fazemos tudo com o bucho. Espero um dia reparar essa injustiça que fiz com Lima e sua obra a relendo em breve. Mas, vou iniciar agora no tema que julgo como principal desta crônica, para isso vou só dá um passo para trás e retornar as ideias e peço agora a sua surpresa: você sabia que Lima Barreto também era um cronista?
E cronistas dos bons e dos grandes. Daqueles que têm a capacidade de contar as coisas do cotidiano e de forma simples. Característica singular daquele que se julga cronista. Deus, só te peço também um pouco desta graça.
A primeira crônica do compilado de 40 que abre o livro é a " A carroça dos cachorros". Um texto de 1919 e, pasmem, já com uma temática modinha hoje em dia, de proteção aos animais.
A carroça dos cachorros descrita por Lima Barreta é a vulga carrocinha. Eu tinha medo de que ela passasse na minha rua bem na hora que meu virala lata Maradona fugisse... Na verdade, era um medo totalmente infundado. Eu morava numa zona rural de um município pequeno que nem centro de zoonose tinha na cidade.
O meu medo vinha do desenho Pica Pau que eu assistia quando criança. Nele às vezes aparecia a carrocinha levando um cachorro a força e o animal começava a chorar. Me dava maior pena e o pior, se não me engano, os animais eram o ingrediente principal para se fazer linguiça. Aí que eu me preocupava mesmo.
Deixando de lado a minha história que na verdade mais empobrece meu texto, a crônica de Lima Barreto é prima. Homem sensível ao dilema dos cães de ruas e louvador das mulheres que brigam para defender, esconder, abrigar os vira-latas.
As vizinha faziam uma rede de apoio aos cães de rua. Por certo não dava para levar todos para casa, assim, alguns ainda ficavam perambulando pela cidade. Mas, não lhes faltavam comida, água, e uns cafunés. Só que, apesar de "bem tratados" ainda permaneciam nas ruas, oferecendo risco de morder algum traseunte ou de contaminação por algum zoonose.
Mas, creio que as mulheres não faziam esses julgamentos. Se morderam alguém foi porque foram ofendidos primeiro e se transmitem doença é culpa do governo que não elimina os mosquitos que picam os cachorrinhos.
Por fim, como ele bem diz no fechamento do seu texto: "A lei, com a sua cavalaria e guardas municipais, está no seu direito em persegui-los; elas, porém, estão no seu dever em acoitá-los."