Comendo, rezando e amando entre fronteiras
Recebi este livro de presente, na primeira parada do meu primeiro mochilão da vida, de uma viajante mais jovem e mais experiente que eu.
Comer, rezar, amar, da autora norteamericana Elizabeth Gilbert, conta uma fase de sua própria história, que muitas vezes na leitura se confundiu com a minha.
Nós duas nos deparamos com um casamento fracassado e um período depressivo por volta dos trinta anos, nós duas iniciamos um processo de corte de uma vida de ilusões em busca de uma vida mais plena e verdadeira, busca essa que culmina em uma viagem. Nós duas nos apaixonamos novamente projetando no novo parceiro um salvador, uma alma gêmea, um par ideal - e consequentemente quebramos a cara.
Ambas tiveram problemas de fé no processo, mas recuperamos e ressignificamos no caminho, ou mais especificamente, no caminhar.
Liz relata com profunda sinceridade e riqueza de detalhes seu processo interior de reestruturação de si, enquanto vive experiências de puro prazer na Itália, batalhas intensas com sua mente em um Ashram na Índia até finalmente se reintegrar e começar a colher os frutos de sua auto lapidação na Indonésia.
Sua terapia para superar e transcender seus traumas emocionais e crenças limitantes sobre os vários aspectos da vida foi a própria Vida, foi se abrir e se entregar ao que a Vida lhe oferecia pelo caminho, ao invés de encaixá-la numa caixa padronizada com laço de presente e um cartão rotulado de "vida da Liz".
Como um Antevasin (do sânscrito, "aquele que mora na fronteira") Liz manteve-se móvel, maleável e flexível durante suas travessias interna e externa, e o seu relato em forma de livro nos convida a fazer o mesmo, a nos abrirmos às infinitas possibilidades da Vida, do Caminho, da Viagem.