Poemas Escolhidos (Gregório de Matos)
Gregório de Matos Guerra nasceu em Salvador, no dia 23 de dezembro de 1636. Formou-se em Direito na cidade de Coimbra em Portugal. Sem papas na língua, criticou diversos aspectos da sociedade, do governo e da igreja católica, recebendo a alcunha de “Boca do Inferno”. Em 1694 perseguido pela inquisição, foi condenado ao degredo em Angola. Foi um dos maiores poetas do período Barroco. Em 1696, no dia 26 de novembro, faleceu na cidade do Recife.
Esse livro é uma seleção de poemas, onde o autor relata o cotidiano de forma satírica, lírica e sacra. Irei destacar dois dos seus poemas.
Inconstância dos bens do mundo
“Nasce o sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância. ”
Soneto à Maria dos Povos
Discreta e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo a qualquer hora
Em tuas faces a rosada Aurora,
Em teus olhos e boca o Sol e o dia,
Enquanto com gentil descortesia
O ar, que fresco Adônis te namora,
Te espalha a rica trança voadora
Quando vem passear-te pela fria,
Goza, goza da flor da mocidade,
Que o tempo trata a toda ligeireza,
E imprime em toda a flor sua pisada.
Oh não aguardes, que a madura idade,
Te converta essa flor, essa beleza,
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada. ”
Podemos observar, que também para Gregório de Matos os problemas existenciais traziam os seus enigmas.
ISBN – 978-85-943-1864-0
Ciranda Cultural, Jandira, SP, 2019
80 páginas
Gregório de Matos Guerra nasceu em Salvador, no dia 23 de dezembro de 1636. Formou-se em Direito na cidade de Coimbra em Portugal. Sem papas na língua, criticou diversos aspectos da sociedade, do governo e da igreja católica, recebendo a alcunha de “Boca do Inferno”. Em 1694 perseguido pela inquisição, foi condenado ao degredo em Angola. Foi um dos maiores poetas do período Barroco. Em 1696, no dia 26 de novembro, faleceu na cidade do Recife.
Esse livro é uma seleção de poemas, onde o autor relata o cotidiano de forma satírica, lírica e sacra. Irei destacar dois dos seus poemas.
Inconstância dos bens do mundo
“Nasce o sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância. ”
Soneto à Maria dos Povos
Discreta e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo a qualquer hora
Em tuas faces a rosada Aurora,
Em teus olhos e boca o Sol e o dia,
Enquanto com gentil descortesia
O ar, que fresco Adônis te namora,
Te espalha a rica trança voadora
Quando vem passear-te pela fria,
Goza, goza da flor da mocidade,
Que o tempo trata a toda ligeireza,
E imprime em toda a flor sua pisada.
Oh não aguardes, que a madura idade,
Te converta essa flor, essa beleza,
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada. ”
Podemos observar, que também para Gregório de Matos os problemas existenciais traziam os seus enigmas.
ISBN – 978-85-943-1864-0
Ciranda Cultural, Jandira, SP, 2019
80 páginas