Vácuo – Caê Guimarães. Editora Cousa – 2018.
----A cinestesia é o sexto sentido, os outros sentidos audição, visão, tato, paladar e olfato e tato poderiam existir sem o sexto sentido, mas existiriam em um ser com vida vegetativa com ou sem morte cerebral, quando não morte mesmo, inclusive a cerebral ou a catatonia absoluta da animia psiquiátrica esquizoide. .
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----Em sua originalidade, o livro Vácuo poderia ser situado entre as obras de Ferreira Gullar e Jorge de Lima, o que tentamos dizer aqui é que se situa mesmo.
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----A sensibilidade do movimento (cinestesia) capaz de ativar os outros sentidos desde a audição da música até à dança; desde a percepção de um cheiro bom ou ruim que nos faz aproximar ou distanciar da fonte do odor; da percepção do belo ou do feio ao se virar o rosto ou olhar em frente para nos aproximarmos do belo e nos afastarmos do feio ou entendermos o feio; do usufruir de o melhor vinho ou da melhor cachaça ou uísque por meio do paladar sempre afeito a saciar a fome com iguarias ou não de forma prazerosa e não em glutoneria; ou o tato a nos proporcionar reações de fuga ou de arrepio.
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----Nem absolutamente metafísicos ou absolutamente telúricos os poemas do livro Vácuo demandam o movimento (cinestesia) com o fito de não aprisionar a palavra no verso ou no papel.
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Ferreira Gullar é telúrico, mas a sua poesia beija a metafísica, às vezes com desdém, outras vezes também. Jorge de Lima se oferece à metafísica como se a metafísica fosse única fonte da sua inspiração poética, mas arranha no telúrico para causar cisma no leitor somente telúrico.
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Sem nenhuma intenção prévia, Caê Guimarães, em seu livro Vácuo, põe o leitor para passear no espaço entre a metafísica e o telúrico, para o leitor saborear esse passeio, essa cinestesia capaz de saborear variações metafísicas e telúricas, sem aprisionar seus poemas entre horizontes telúricos ou metafísicos. Essa senda sem retidão insensata por estar no meio torna o ser humano mais humano.
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A poesia é necessária para o ser humano ser melhor, sem deixar de ser humano.
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No texto Caê: Ternura & Sangue, assinado por Francisco Grijó, como fortuna crítica ao fim do livro, Grijó escreveu: Mas como combinar ternura e sangue, esses dois ingredientes que se complementam e parecem nascer de uma contradição? Não, não me pergunte. Nem pergunte a Caê. Leia e sinta – e, possivelmente, a resposta, mesmo evidente, não será encontrada. Eis aí a beleza. Neste livro ela sobra.
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O passeio pelas páginas de Vácuo me fez usufruir essa beleza. Tratei de um excelente livro de poesia como se soubesse tocar piano. A música e a dança das palavras no livro é singular inebriante. O espaço aberto a partir do vácuo é um achado poético original, sólido e peso pluma.