AGONIA E MORTE DE FREI DAMIÃO: dos jornais para a boca do povo.
Artigo de Osvaldo Meira Trigueiro – Universidade Federal da Paraíba
O artigo em questão procura relatar, de forma bastante esclarecedora, como a mídia, especificamente impressa, noticiou a agonia e a morte de Frei Damião (1898 – 1997), sua repercussão na literatura de cordel e também como acontecimento midiático. Centrado nas notícias dos jornais Diário de Pernambuco e Jornal do Comércio, ambos de Recife, como também do Correio da Paraíba, de João Pessoa, e ainda, nos folhetos de cordel de Dila José Ferreira da Silva, José Francisco Borges e Olegário Fernandes, o estudo faz uma análise exploratória e contextualizada do fato. Trata-se de uma historicização baseada no acontecimento folk-midiático, relatando a agonia e morte de Frei Damião na mídia, bem como a repercussão em todo povo nordestino.
Este artigo descreve com ênfase a teoria da folkcomunicação, a qual tem suas origens vinculadas no artigo do professor e pesquisador Luiz Beltrão - o ex-voto como veículo de comunicação popular - de março de 1965, falando dos meios de comunicação não “ortodoxos” utilizados, principalmente, pelas classes populares para se comunicar. Entre esses meios de comunicação encontra-se o folclore, classificado então como um líder de opinião, um agente estratégico da medição na recepção das mensagens midiáticas para as redes de comunicação. Beltrão define a folkcomunicação da seguinte forma: “o conjunto de procedimentos de intercâmbio de informações, idéias, opiniões e atitudes dos públicos marginalizados e rurais, através de agentes e meios diretos ou indiretamente ligados ao folclore” (p. 3).
O folclore no ponto de vista de Beltrão não tem a conotação de manifestação cultural engessada, fechada ou guardada em museus. É um processo cultural dinâmico no âmbito do campo social dos indivíduos e que se encontra presente na vida cotidiana moderna. E esta relação que se mostra cada vez mais próxima entre os produtores da cultura popular e os do sistema global, despertou no pesquisador Beltrão o interesse em estudar as novas relações socioculturais dos agentes sociais locais na recepção e apropriação da mensagem puramente midiática.
Enfim, segundo Osvaldo Meira Trigueiro, autor deste artigo, a cultura veiculada pela mídia impressa e principalmente, pelo rádio e a televisão, muda a vida cotidiana dos brasileiros que passaram a conviver com outras formas de acesso à informação sem, no entanto, deixar de lado os seus próprios meios de comunicação comunitários.
Paulo Seixas, UEPB, 2012