A Vida em Tons de Cinza

Os países bálticos foram as únicas ex-repúblicas soviéticas que ingressaram na UE em detrimento da CEI. Muito pelo o que aconteceu durante a década de 1940 quando Stalin invadiu, prendeu, matou e/ou exilou milhares de pessoas por considerá-las antissoviéticas. Seu destino? O inferno na Terra: Sibéria.

“A Vida em Tons de Cinza” conta a história de Lina Vilkas um lituana de 15 anos prestes a ir estudar Artes na capital. Seu pesadelo começa quando a NKVD (a futura KGB) invade a casa de sua família e são obrigados a sair às pressas levando somente o necessário. Separados de seu pai, Lina e seu irmão Jonas junto com sua mãe Elena, são postos em vagões de gado como sardinhas em lata. Muitos perecem no caminho pela falta de higiene e pela fome. Numa das paradas ela e um companheiro de vagão, Andrius, saem à procura de seus pais e acabam encontrando Kostas Vilkas pelo buraco da latrina de outra composição. Seguindo viagem desembarcam no campo de trabalho forçado de Altai onde ficam durante um ano partindo enfim para Trofimovsk, no fim do mundo.

Após algum tempo percebi que o livro teria muitos capítulos. Por conta disso pensei que a história seria muito infantil e superficial. Mas logo vi que não tinha como haver transições suaves entre um e outro capítulo e no fim conclui que foi melhor Ruta ter feito assim. Não sei se esse fato foi o principal elemento cativante nesta obra pois chegou um ponto da narrativa em que eu não queria mais parar de ler por uma curiosidade de saber como era sobreviver na Sibéria e, principalmente, como eles sairiam de lá. O meu primeiro interesse foi saciado durante o tempo e o segundo foi parcialmente sanado pois eu queria sentir a emoção das personagens em abandonar aquele deserto glacial. O que há registrado é uma cápsula desenterrada em 1995 com alguns dos registros feitos por Lina, sendo aquela lacrada em 1954, supostamente logo após ser concedida a sua liberdade.

Pelo assunto e pela abordagem da autora este livro lembrou-me “Arquipelago Gulag” do nobel de 1970 Alexandr Soljenítsin. As diferenças são grandes e sutis ao mesmo tempo. Algumas delas estão no fato de Soljenítsin ser homem (russo) e Lina mulher (lituana), pois haviam destinos diferentes para os gêneros; o primeiro era intelectual e sofreu a acusação direta e reta enquanto Lina recebeu uma punição indireta por “culpa” de seus pais; e por Soljenítsin ter sido premiado com o Prêmio Nobel de Literatura e Ruta estar começando agora.

Pela dedicatória que há a Jonas Šepetys, pelo irmão de Lina chamar-se justamente Jonas e por toda a pesquisa que Ruta fez supus que os personagens eram reais, fora o mapa que há descrevendo a viagem que fizeram até a foz do rio Lena.

Em toda a década de 1940 os olhos do mundo fitaram os campos de concentrações nazistas espalhadas pelo leste europeu. Mas a quilômetros deles havia uma região da Europa sendo engolida pela máquina soviética sem dó. Seus sofrimentos acabaram junto com a morte do segundo líder soviético e a ascensão de Nikita Krushchov e sua desestalinização da URSS.

Nome: A Vida em Tons de Cinza

Autor: Ruta Sepetys

Páginas: 240

Editora: Arqueiro

Edição: ?

Ano: 2011