Os Tolos Morrem Antes

Mario Puzo é lembrado pela sua obra-prima “O Poderoso Chefão”, que fez sucesso tanto nas livrarias como nas telonas, vencedor de 3 Oscars e 5 Globos de Ouro além de ser escolhido pelo Registro Nacional de Filmes dos Estados Unidos para a preservação da película. Porém, o romance eleito o seu favorito foi este.

“Os Tolos Morrem Antes” conta a história de John Merlyn, órfão que tornou-se um escritor de sucesso, tendo o seu livro adaptado para o cinema sem êxito. Antes de transformar-se em um literato, Merlyn tenta seguir os passos de seu irmão mais velho, Artie, no qual considera a pessoa mais correta do mundo. Porém, acaba se envolvendo com subornos, encrencas judiciais e até arruma uma amante (coisa que recusou-se a fazer nas suas estadas em Las Vegas, apesar das pequenas que lá existiam) durante as adaptações cinematográficas de seu romance.

No começo do livro, há um enfoque especial em Jordan, jogador que acaba ganhando US$ 400 mil nas mesas de apostas e acaba suicidando-se horas depois no seu quarto. Com isso, tive a impressão de ser ele o protagonista da história, até porque Cully Contagem e Merlyn ainda relembram os feitos do falecido. Contudo, só no terceiro livro é que me dou conta que John Merlyn é o real herói da trama.

O livro teve suas variações durante a cronologia. Quando a história fixava-se em Las Vegas ou ficava nas questões de jogo ou de amizade entre Cully e Merlyn a trama era muito empolgante, pelo simples motivo de envolver jogos de azar, de cartas e todo esse mundo dos cassinos. A história perde fôlego quando Merlyn vai para Hollywood e envolve-se com Janelle, uma atriz secundária. Entre as idas e vindas dos estúdios de filmagem, ela conta algumas histórias à ele, fugindo da linha de raciocínio da obra. Em meio a esse tédio todo, Cully aparecia para dar mais dinâmica à história, sendo pedindo ajuda ao protagonista ou mesmo um favorzinho simples.

Um fato curioso é que esse livro teve muitas mortes de personagens não -relacionados, ou seja, eles morriam em consequências diferentes e com um espaço de tempo razoável. Entre eles estão Artie, o seu irmão mais velho, que morre de infarto (se não me engano), Osano, um escritor mulherengo, que almeja o prêmio Nobel e, o mais notório deles, Jordan, o sortudo jogador que suicida-se. Esse ponto difere das mortes em combates, de explosões ou acidentes automobilísticos e de avião. Junto com todas essas mortes, eu pensava que Merlyn teria o mesmo fim ou iria pagar por tudo o que ele fez de um forma bem cruel. Mas ele sobreviveu a tudo por um simples motivo: ele é Merlyn, o Mágico.

Pode parecer estranho mas eu associei Merlyn ao autor, pensando que esta obra trataria-se de uma auto-biografia, sendo que Puzo também é um jogador declarado. E esse raciocínio ganha muito mais impulso por essa frase: “Tenho duas razões para continuar a escrever as histórias que tenho para contar: primeiro, porque me divirto; e segundo, porque cheguei à conclusão de que ler é muito melhor que comer, beber, jogar e ter mulher. Enfim, tudo o que já conheci na vida”. Mas ainda assim são argumentos fracos, tanto que abandonei essa ideia.

Por mostrar a vida de Las Vegas, o lado bom e o lado ruim dos jogos de azar e por ter um final realista, este livro figura entre os meus favoritos. Tiro, também, o meu chapéu para esse incrível escritor que consegue fazer obras magníficas e merece ter seu nome vinculado entre os grandes da literatura universal.

Nome: Os Tolos Morrem Antes

Autor: Mario Puzo

Páginas: 572

Editora: Record/Círculo do Livro

Edição: Integral

Ano: 1978