Por Quantos Ainda Vamos Chorar?

Desde a publicação “Ensaio com Plantas Híbridas” de J. G. Mendel junto com o empurrão causado pela descoberta do DNA em 1953, a manipulação dos genes sempre foi um questão de muita polêmica. “Brincar de Deus” ofende dogmas da Igreja (apesar de possuir um sacerdote como “o pai da genética”). Uns afirmam que é antiético e infringe a lei do livre arbítrio, outros defendem a revisão do conceito de “VIDA”, alguns dizem que poderá acabar com a fome na Terra e levará o ser humano a querida vida perpétua. Johann Mario Simmel toca justamente neste ponto para o ponta-pé desta narrativa.

“Por Quantos Ainda Vamos Chorar” conta a história de um atentado terrorista em um circo na cidade de Hamburgo aonde o alvo era um geneticista. Porém neste incidente acabam morrendo todos da família da vítima e o filho de uma jornalista ao qual decide ir atrás dos assassinos.

Na época em que este livro foi lançado a genética não era tão desenvolvida quanto é hoje porém já haviam estudos assombrosos em desenvolvimento. É esse o principal alicerce da trama. Alguma entidade sobrehumana (talvez um conglomerado ou um Estado, não sei ao certo) quer dominar a arte da “criação” e para isso passará por cima de todos que atravessarem o seu caminho. Mas o desejo de vingança é mais forte e acaba sendo determinante para o desfecho.

Vendo o lay-out da capa é passível de interpretação ambígua. Quando eu bati o olho logo veio na minha cabeça a II Guerra Mundial. E com isso também pensei de que se tratava de uma história com uma lição de vida, como visto em “Não Verás País Nenhum”. Mas é puro engano. Apesar de se passar na Alemanha essa história está mais para um romance como qualquer outro que eu já li sobre esse tema.

Desde “Resgatem o Titanic!” um livro não prende minha atenção. Este, porém, obtém êxito devido à biotecnologia, um assunto raramente explorado. Mas não foi 100% empolgante ler pois podemos dividir a narrativa em duas partes distintas: 1) quando a protagonista está empenhada em fazer justiça. É aí em que o livro é bom; 2) quando a personagem principal envolve-se com o seu parceiro de empreitada. A história torna-se melosa e pouco atraente.

O livro é contado em primeira pessoa. O prólogo é em terceira. Mas um detalhe chama a atenção: o epílogo é em flashback, coisa que eu nunca tinha presenciado. Há uma nota no começo do livro em que deixa um alerta de que essa sucessão de eventos realmente aconteceu. Mas eu não achei nada de concreto nas minhas pesquisas. Claro que não iremos mesmo localizar informações sobre todo esse desenrolar que Simmel nos conta. Mas pelo menos alguma nota sobre o estopim naquele picadeiro eu deveria ter encontrado.

Nome: Por Quantos Ainda Vamos Chorar?

Autor: J. M. Simmel

Páginas: 488

Editora: Nova Fronteira/Círculo

Edição: Integral

Ano: 1987