O Dossiê ODESSA

Os horrores da II Guerra Mundial ainda não foram totalmente digeridas e lidamos com consequências desses tempos. Imagina então o que isso significava há 45 anos atrás numa Alemanha dividida pela “cortina de ferro”. Potencializado pelo fato de ter como tempo cronológico a década de 60 que é a mais tensa de toda a Guerra Fria.

A morte de John Kennedy faz Miller (o protagonista) parar numa estrada para refletir sobre o assunto. Logo na sequência vê uma ambulância passar por ele. O instinto de jornalista é ativado e então começa a seguir a sirene. Isso resulta no corpo de Salomon Tauber, um judeu sobrevivente de um campo de concentração nos Bálcãs. Junto dele encontra-se um diário com relatos minuciosos de tudo o que acontecera lá. Quando Miller põe as mãos nesses papeis decide ir atrás de Eduard Roshmann, o açougueiro de Riga.

A história possui um suspense que foge do normal. Credito isso à nossa aversão aos nazistas e por tudo o que ele fizeram e como fizeram, e pela sensação de justiça (pelo menos no campo da ficção), sabendo nem todos os líderes desses campos foram julgados. Mas não só por isso. Há vários elementos dentro da narrativa que prendem o leitor e impede que nos deixem fechar o livro para dormir.

Há mais um ponto: a ODESSA realmente existiu (ou existe) e tinha (ou tem) como principal função a ajuda mútua, seja no campo jurídico, no caso de algum ex-membro da SS for à julgamento, seja no campo sócio-econômico, inserindo-os no comércio ou na indústria, pegando embalo na ascensão da economia pós-guerra, seja no político, na tentativa de transferir a culpa do holocausto aos soldados extremamente patrióticos, ou para pedir asilo em caso de perseguição. E o destino mais comum era Argentina.

Porém o fato que mais chamou a atenção foi de saber se Miller conseguiria capturar Roshmann sabendo que na vida real este último morreu no Paraguai. Não costumo passar por isso mas aconteceu de eu torcer para o mocinho dessa vez. Não que eu prefiro ver o vilão sair ileso. Eu gosto é de finais surpreendentes. Mas nesse caso eu preferi o arroz-e-feijão. E por último: esta obra foi adaptada às telonas que seguiu o mesmo sucesso que o livro teve.

“O Dossiê ODESSA” é uma história que prendeu muito a minha atenção e por isso merece ter um lugar cativo na memória. E cada vez mais gosto dos trabalhos do inglês Frederick Forsyth do qual “Sem Perdão” está entre os meus livros favoritos.

FICHA TÉCNICA:

Nome: O Dossiê ODESSA

Autor: Frederick Forsyth

Páginas: 316

Editora: Record/Círculo do Livro

Edição: Integral

Ano: 1972