Vinte Mil Léguas Submarinas

Apesar de ser uma ficção, “Vinte Mil Léguas Submarinas” é um dos livros mais técnicos que li até hoje. Isso porque exige alguns requisitos do leitor para uma melhor absorção de conteúdo, apesar de estarmos falando de um livro do século XIX, escrita pelo “pai” da literatura de antecipação.

Nesta narrativa o professor Pierre Arronax conta-nos a sua aventura dentro do Nautilus aonde percorreu todo o planeta debaixo d'água. Desenhado, projetado e construído pelo capitão Nemo, esse mausoléu aquático é independente do mundo terreno assim como sua tripulação. Todo o combustível, comida e demais suprimentos vêm do mar. Porém a humanidade desconhece essa engenhosa máquina e atribui os feitos produzidos por este à um cetáceo de tamanho descomunal. Para não naufragar mais navios que cruzarem o seu caminho empreende-se uma expedição de caça ao qual Arronax, seu conselheiro Conseil e um arpoador canadense, Ned Land compõem a tripulação do Abraham Lincoln. Após o submarino naufragar mais esta fragata, estes três personagens são capturados e salvos mediante um pacto de silêncio.

O que me impressionou foi o conhecimento de Júlio Verne para descrever tão bem as espécies encontradas pelos protagonistas durante a história. E essa sabedoria não se limita à fauna marinha. Esses tentáculos se estendem à física (por causa do comportamento do submarino) e, principalmente, à geografia pois, como não havia mapas tão bem elaborados quanto hoje, o autor situa os personagens no globo terrestre pelos meridianos. Por isso tudo é que o leitor precisa de ter um mínimo de conhecimento para melhor entendimento.

Algumas curiosidades chamaram-me a atenção. O primeiro trata da classificação dos seres vivos: no livro usa-se a nomenclatura antiga, ou seja, reinos animal, vegetal e mineral. O segundo refere-se à qualidade excepcional de Conseil em ordenar os animais que encontra. Quando avista algo logo diz qual família, filo, ordem e espécie ele pertence. É de deixar qualquer biólogo marinho com inveja. O terceiro diz respeito a um mapa-múndi que há no meio da história dando a localização exata do submarino em cada capítulo da saga. O que ajuda, pois buscar esses lugares num planisfério manualmente é cansativo. O quarto relaciona-se com o fato de esse livro possuir várias adaptações para o cinema, desde curtas até longas-metragens. A mais conhecidas delas foi produzida em 1954 nos estúdio de Walt Disney e dirigida por Richard Fleischer.

Júlio Verne encanta gerações com suas narrativas épicas e totalmente surreais até para a tecnologia atual. Esta história talvez seja a mais conhecida delas e também a mais impossível de ser realizada. Junto com “Volta ao Mundo em 80 Dias”, “Viagem ao Centro da Terra”, “Da Terra à Lua”, “Cinco Semana em um Balão”, entre outros, são o que há de melhor deste francês genial e na ficção científica com um todo.

FICHA TÉCNICA:

Nome:Vinte Mil Léguas Submarinas

Autor: Júlio Verne

Páginas: 398

Editora: Círculo do Livro

Edição: Integral

Ano: 1869