VIdas secas

A romance de Graciliano Ramos relata o drama do retirante diante da seca implacável e da extrema pobreza, bem como descreve a revolta contra as injustiças das autoridades, que leva a um relacionamento entre as personagens que beira o seco e o doloroso.

As personagens são: o rude Fabiano o chefe da família, Sinhá Vitória, sua mulher que possui um pouco mais de cultura, dois meninos, a cadela Baleia e o papagaio.

Um dos meninos tem curiosidade pelo termo "inferno" e pergunta sobre isto para a mãe. A injustiça das autoridades é representada pela violência do soldado amarelo. O soldado induz a personagem Fabiano a considerar a possibilidade de entrar para o cangaço, ao que corresponde uma associação da figura do cangaceiro como uma espécie de justiceiro social, o que fica bem claro na passagem a seguir:

O que transformou Lampião em besta-fera foi a necessidade de viver. Enquanto possuía um bocado de farinha e rapadura, trabalhou. Mas quando viu o alastrado morrer e em redor dos bebedouros secos o gado mastigando ossos, quando já não havia no mato raiz de imbu ou caroço de mucunã, pôs o chapéu de couro, o patuá com orações da cabra preta, tomou o rifle e ganhou a capoeira. Lá está como bicho montado. (RAMOS, 1976, p. 131)

O livro tem l3 capítulos, que se inicia com a I mostra o inicio da retirada, com as personagens citadas acima.

Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da caatinga rala.

Existe uma impossibilidade de comunicação e o fato do autor de não dar nome aos meninos evidencia a vida sem sentido e sem sonhos dos retirantes.

No capítulo II, mostra o homem embrutecido que é Fabiano, mas que tem consciência de suas próprias limitações. No capitulo III Fabiano é preso arbitrariamente pelo soldado amarelo, que como vimos, simboliza o governo e sua arbitrariedades .

Em IV mostra os sonhos de Sinhá Vitória em possuir uma cama de couro igual ao do patrão Tomás da bolandeira, ela sente medo da seca, mas o marido lhe dá segurança. No capitulo V aparece o menino mais novo que quer seguir os caminhos do pai e tenta montar num bode, ele cai e vira motivo de chacota do irmão.

O menino mais velho aparece no capitulo VI mostrando que suas aspirações são mais modestas e simples amizade de Baleia já lhe era suficiente. O inverno, em sua descrição da chuva que inunda tudo antes da seca, antecede o capitulo VIII que mostra a tristeza da família vai à festa de Natal na cidade, trazendo um incrível sentimento de inferioridade para eles.

A tragédia de Baleia acontece no capítulo trágico IX, ela fica e é sacrificada. Ramos humaniza a cadela e mostra-a desconfiada, sem entender o que estão querendo fazer com ela.

Em X - Fabiano vende para o patrão seus bezerros e cabritos e e é ludibriado. A partir daí, no capitulo XII mostra a seca voltando, anunciada, mostrando-se necessário abandonar aquele lugar.

Finalmente, Fabiano resolve partir:

E andavam para o sul, metidos naquele sonho. Uma cidade grande, cheia de pessoas fortes. Os meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e necessárias. Eles dois velhinhos, acabando-se como uns cachorros, inúteis, acabando-se como Baleia. Que iriam fazer? Retardaram-se temerosos. Chegariam a uma terra desconhecida e civilizada, ficariam presos nela. E o sertão continuaria a mandar gente para lá. O sertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, sinhá Vitória e os dois meninos.

Luiz Zanotti
Enviado por Luiz Zanotti em 10/10/2011
Código do texto: T3268515