Autores

Perfil

Napoleões, pau, punks
Picassos movem-se por Londres
As pessoas se agridem, se batem,
Madrid é o descaminho
O barulho me acompanha
O retorno à civilização
E cadê Deus.
Ou pelo menos, o Diabo.
A guitarra distorce as notas
Todo tipo de maluco
Falo agora das aventuras e desventuras
Não sou Paulo Coelho
Sou uma coisa muito fudida
Eu preciso de alguém ao meu lado
Cadê a rainha diaba menina
As coisas mais próximas
O ciúme
Não arrependo de nada
E eu estou cada vez pior
Cada vez mais puto
Eu tenho um olhar maléfico
Queria que você tivesse um enfisema pulmonar
Não virei santo, virei demônio
Cheguei no paraíso, grande cama,
Lugar ideal para nossos pecados
Ser apressado, a gente precisa
Os desenhos do boteco
Uma flauta, um camarão
Diário de uma Magoo
Cansa pra caralho,
O caminho não termina em Santiago.
As dores da alma
Não é um livro mágico
Você é mágica
O resto é sol, poeira, chuva
Encheção de saco
Albergue cheio
Eu sou um menino
E você é menina
Papo de bêbado, difícil
Sou Peter Pan
A minha barba está grande do tamanho do meu coração
O abajur em cima da cama
Você vem de robe de cetim rosa
Maria, linda mulher, diaba
bundão, peitão, não se fazem
Se coloque nú como Deus te fez
Sharon de Polansky
Me pega como se eu fosse um bicho
Os meus pensamentos se resumem em fitas cassetes
Num copo de vinho gostaria de tomar veneno
Veneno para matar-me
Veneno para esquecê-la
As caixas de lixo me embalam
Quero, sempre quero
Você está tão longe
Eu posso sentir você
A vida passa
Passo pela cabine telefônica
As pessoas passam com os seus filhos
Vão pra casa,
os mendigos pedem esmolas,
fumam um cigarrinho escondido,
cospem na calçada.
Andam em direção da luz.
Vou sem direção
A favor do vento
E depois de tudo
Um todo voltar pra onde eu nasci
Vou pra onde escorrego
Eu nego, esconjuro, procuro o que esqueci
Olho a vida numa única imagem
Do verde ao amarelo do piscar das luzes do semáforo
Nem melhor nem pior
Somente mais um no silêncio
Um encontro na esquina
Mais uma esquina do mundo
Sonho e realidade
A vida se encontra nos cruzamentos
A vida atravessa a avenida morrendo
Como se fosse a última vez
A última poesia
Como se o dia se perdesse
E a noite não fosse nascer
O que aparece na vida
Como foi
Me entendem
Os beijos tão simples
Sexo ardente
Como pode acontecer
Deixe-me
Pegue-me
O pagamento dos pecados é agora
Comi uma inglesa
Como ela chupava bem
Loira, gordinha, diaba
Samanta de Manchester
Sara Jones usa fotografia sobre colchões
Lençois rasgados e sujos
Adolescência é um momento de mudança
A revolução informalista
Muita cor natural
Imagem de Francis Bacon
Um velhinho em movimento
A anatomia
Técnica mista
Ele rasga a tela e depois costura
uma sapatilha, uma mamadeira
Fragmento da crucificação
Uma boca aberta
Recebendo o jato de sêmen
O dia interminável
Horizonte dezoito
Muita tinta, tons ocres
Muita merda
O escândalo
Bem parecido, tudo primitivo
Caveiras na noite
A mulher com o menino chorando no colo
O cavalo e o touro, a luz
Bombardeado pelos alemães
Quero aprender a fazer escultura
Para esculpir a minha mulher
Dar vida aos meus sonhos
Muito papel, profundidade
3D
A tela preta
Rodei, e fiquei num hotel perto do Reina Sofia
O abstrato e o moderno
Minha mente está perturbada
O que está rolando
Alguém pode me dizer
Entramos direto no inferno
E agora tento me apegar na vida
Uma companhia para carregar
Estou indo para o inferno
O meu gêmeo estava indo para o céu.
E Vinícius me dizendo:
Quem já passou pelo caminho
E não sofreu
Pode ser mais
Mas sabe menos do que eu.
As pessoas tiram a camisa
As mulheres vestidas
O ambiente muito quente
O fogo que Nero acendeu
Os últimos dias de Pompéia
Os dois becitos dados em Glória
As imagens continuam na minha mente.
Desenho a pintura dos peregrinos
O cara de ponche e um cachorrinho manco
As pessoas dormem na rua.
Toda a agonia de chegar no final
Desenhos registrados pelas ruas.
As pessoas brigam por minha causa
Não me respeitam e
eu não respeito ninguém.
A casa do pecado
A cortina florida
Pôster de mulher pelada
A impressão de você estar sendo fodido
Um espelho na parede
O êxtase
A vida aos 36 anos
A paciência e o timing
O amor bêbado
Joguei a pedra errada na Cruz de Ferro
Ou seja, bêbado nunca acerta nada
Foi legal, preciso desenhar, preciso escrever.
Descobrir algo dentro de mim
O diabo me chama para fortalecer meus músculos
Mas de um milhão de pessoas aguardam,
estou tossindo
Ele é um babaca.
Olho para a barriga da secretária
Depois sobe
é a pentelheira
O raio cai e quando você tenta pegar não pega mais
O tamanho da cabeça,
os pensamentos
Talvez fossem flores, frutos e espinhos,
qualquer coisa
Qual o procedimento padrão aqui.
A tortura é mental, o diabo está bravo
O lance é o seguinte,
estou cada vez mais louco,
este é o meu fim
O barulho de vidros quebrando
O que é isso?
Olha o rei das trevas.
E o Lúcifer anda devagar
vai até a porta e se movimenta a cada momento.
Minha cabeça é um turbilhão
Os desenhos estão fixados na minha mente.
Percebo tudo, a sensibilidade aguçou ainda mais.
As coisas não são como quero.
Vejo o reflexo no alumínio
Estou no aeroporto,
perdi o vôo de conecção.
Música de fundo, risadas
Peregrino sem poder parar
Sem poder chegar
Porra meu
Sou o ar que respira
Assumo todos os riscos
A Inconsciência
Todas as portas se fecham
Todas as montanhas
Não haverá amanhã
O golpe certeiro
A vida voltou ao normal
Será que voltou
Alguma coisa mudou
Vejo através da parede
Uma árvore em alta velocidade
Olho pra imensidão
e conto a história da
ansiedade do caranguejo
O mundo passou veloz
e eu não tive tempo de
pegar carona.