MAR IGNÓBIL-livro de poesias de FABIO DAFLON-PACO EDITORIAL-2010


Autor da resenha: Luiz Otávio Mantovaneli.

A Poesia se dá no momento preciso em que o poeta, partindo do particular alcança o universal. Foi por isso que Aristóteles disse que a Poesia é mais próxima da Filosofia do que a História, e Nietzsche disse que o filósofo é um eremita que habita o cume de uma montanha e tem por vizinho mais próximo o poeta que, igualmente só, habita o cume da montanha ao lado. No vale, entre as duas montanhas, habita o humano.
Neste livro, Fábio Daflon consegue esse movimento do particular para o universal, mas avisa de saída que pagou o preço: “foi com dor dos meus infernos que escrevi algo no céu - Inferno.”
Não é de admirar. Quem já o conhece sabe que Fábio é matéria prima de si mesmo. É do doloroso processo de se revirar pelo avesso, como alguém que sai do atoleiro puxando-se pelos próprios cabelos, que brotam versos intensamente trabalhados, quase ruminados “sempre muito mais lento do que intento – Esperança”.
Nesse processo, a catarse é nítida: a dor dos infernos é fermentada: “Eu sou quem não perdoo, sou quem sofro - Em honra da flor impura”, e digerida: “tudo que for demais eu esqueço - Amnésia”
Daí resulta um amadurecimento que, como o poeta já alerta, “Nasce o sábio; mas quem ignorante,/ vai buscar algo além na experiência,/ fará do amor mera insistência. Aos esperançosos”, não é para todos.
Amadurecimento, para Fábio, é ou se confunde com o amor. O seu amor incondicional pela mulher é a sua segunda matéria prima.
Neste ponto, Fábio nos dá uma lição que só o verdadeiro poeta é capaz de dar: contrariando ao modo como ordinariamente se pensa, que acredita que para se conhecer alguma coisa é preciso um distanciamento crítico, nosso poeta mostra que o amor incondicional é a única via para conhecer a alma da mulher.
Em “Coisas para lidar na madureza”, somos brindados com a pura beleza: “Mulher em madureza teu corpo é épura/no qual inscrevo dor que abre teu sorriso/para felicidade quem enfim se depura.” Ela não sabe lidar na madureza. E daí? Juízo moral? Jamais! Conhecimento puro e profundo. E não há conhecimento puro e profundo sem a aceitação daquilo que é. Qualquer modificação que se tente introduzir, mesmo que com a melhor das intenções, é um falseamento que para Fábio é inadmissível: “Pois vida não se enche com dejeto,/nem qualquer coisa é melhor que nada,/assim evitaremos mal maior,/com morte de mulher que é objeto,/somente por não ser mulher amada. Campo Minado”
Não amar a mulher é traí-la, já que seu destino é ser amada. E o poeta mostra que a mulher traída tem o sublime direito à “Vingança: “Traída num momento delicado,/no qual casa sozinha sustentava,/sentiu na sua cabeça uma clava/de homem da caverna desempregado.” Mas o troglodita teve o merecido, afinal “galinha de terreiro sempre cisca.”

Agradeço ao filósofo e amigo Luiz Otavio Mantovaneli pela generosa resenha; o livro MAR IGNÓBIL se encontra a venda no site:
http://pacoeditorial.com.br/search.php?search_query=f%E1bio+daflon
ao custo de R$ 23,10. Mais informações sobre o livro ver livros a venda aqui no Recanto das Letras.

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 30/10/2010
Código do texto: T2587420
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