Visita a Suiça (extraído do livro Álbum de Recodações)

Saímos de Bruxelas, na direção de Paris, admirando paisagens, lagos e montanhas. Nosso destino era Berna, capital da União Européia. Havíamos dormido em Lausanne, cidade de cem mil habitantes. Minha esposa e eu estávamos ali pela segunda vez.

Atravessamos a fronteira com a França. Fomos vistoriados pelas autoridades suíças, atendendo medidas de segurança, em face de atentados sofridos por Madri e Londres.

A Suíça é um pequeno país, de oito milhões de habitantes, de economia sólida e padrão de vida humana elevado. O idioma alemão é falado por sessenta por cento da população; vinte por cento dos suíços falam francês e nove por cento, italiano.

O país é o mais rico da Europa. Possui grandes reservas extrativas de madeira, cujas florestas cobrem cerca de trinta por cento de seu território. Tem a maior quantidade de água doce do Continente, correspondendo a doze por cento do total. Dispõe de mil e quinhentos lagos, o maior deles o Léman, com sessenta por cento de seus oitenta quilômetros em terras suíças.

Na viagem, desfrutamos maravilhosa vista dos Alpes, cadeia montanhosa que atravessa seis países, entre eles França e Itália. A quatro mil e oitocentos metros de altura encontra-se o Mont Blanc, o mais charmoso pico montanhoso do mundo. No percurso, vimos o castelo Chateau Du Joux, construção de século XIII, onde hoje funciona um hotel.

A Suíça é a guardiã do tempo. Por isso seus relógios são famosos. O país não tem exército. O cidadão apresenta-se periodicamente para reciclar conhecimentos militares, guardando o fardamento em sua própria casa. Um suíço come, em média, cento e sete tabletes de chocolate por ano.

Quem não os comeria?

Finalmente, chegamos a Berna, cuja palavra significa “urso”. Antes, passamos pelo lago New Chateau, com quarenta e dois quilômetros de extensão.

Fizemos um tour pela cidade, fundada no século XVII, onde moram cento e trinta mil habitantes. Ali residiu Albert Einstein, de 1903 a 1905. Na casa de número 49, ele escreveu a teoria da relatividade.

Conhecemos a Torre do Relógio, situada na primeira porta da cidade, fundada em 1218. Estivemos em frente à Igreja Münster, construída em 1421, cujo padroeiro foi São Vicente. Em 1528, essa igreja passou ao domínio protestante. É muito bonita a sua arquitetura, com portas magníficas, representando o Juízo Final.

Zurich e Lucerna

O ônibus aproximava-se cada vez mais da bela capital Suiça, deslizando pela auto-estrada, cheia de aclives e declives.

Transitávamos pelos Alpes, cuja cadeia montanhosa se descortina revestida de verde, e em alguns pontos, salpicada de neve.

Um espetáculo que somente a natureza pode oferecer com tanto esplendor.

A bordo, ouvíamos músicas tocadas por instrumentos característicos do montanhês e cantadas em seu dialeto nativo. Parecia vê-los dançar, bater as mãos e pressionar o pé direito sobre o solo, acompanhando a cadência do ritmo.

Cheguei a Zurich com poucos dólares e insignificantes sobras de pesetas e liras, resultado das conversões monetárias anteriores, guardadas posteriormente como lembranças.

Os travel cheks estavam bem protegidos em bolsinha conduzida abaixo da linha da cintura, por sob a calça, livre da ação de algum punguista esperto, mas que certamente perderia para os nossos patrícios de passagem pelo país, costumeiros clientes dos bancos locais.

Zurich confirmou a boa impressão que sempre tive da cidade:

organizada e limpa. As ruas são disputadas por transeuntes sem formar aglomeração; os veículos não congestionam o trânsito; bondes elétricos do tipo clássico, bem conservados, fazem o transporte popular de passageiros com conforto e segurança.

Passeei pelas calçadas, visitei lojas e vitrinas. Consultei o preço de um relógio Rolex, em aço escovado; pediram-se quatro mil dólares. Desisti de pronto. A renúncia nada tinha a ver com o preço; afinal, tratava-se de jóia de renome internacional. O que me fez desistir foi imaginá-lo nas mãos de um assaltante brasileiro, quando retornasse da viagem. Chegando a Brasília, compraria um daqueles exemplares contrabandeados do Paraguai, por dez reais.

Consolei-me, finalmente.

Ainda passeando pelas artérias urbanas da bela Zurich, senti o incontido desejo de entrar em um barzinho típico, desses decorados tradicionalmente, com balcão em madeira trabalhada, e o barman pelo lado de dentro. Um companheiro de viagem ajudou-me a degustar um excelente red wine, solicitado em inglês e prontamente atendido pelo garçom, que também dominava as línguas francesa e alemã.

O final do dia coincidiu com o término de minha rápida estada em terras suíças. Pernoitei em excelente hotel em Lucerna, a caminho da qual me deslumbrei com gramados e jardins do mais fino gosto e de aprimorado trato.

A Alemanha seria meu próximo destino.