Visita a Barcelona e ao Principado de Mônaco (extraído do livro Álbum de Recordações)

Chegamos a Barcelona, cidade antiga, conquistada por Lúcio Cornélio Escipión em 133 a.C e transformada em colônia romana até ser ocupada pelos francos no século IV. Seu desenvolvimento ocorreu a partir do século XI, com a união da Catalunha ao reino de Aragon. São centenas de anos de história e de domínio estrangeiro, entre eles a ocupação francesa, ocorrida no período de 1808 a 1813.

Iniciadas as visitas, chegamos ao belíssimo prédio da catedral, composto por três naves e vinte e seis capelas laterais, formando extraordinário conjunto de arte e de memórias históricas.

O altar mor foi construído em 1337, embaixo do qual se encontram os restos mortais de Santa Eulália, padroeira da cidade e mártir de abusos físicos cometidos no século IV.

O magnífico coro central data de 1390. As capelas do Batistério e de São Olegário foram edificadas sobre pilares revestidos de mármore, datados de 1405. Muitas outras capelas, como disse no início, estão distribuídas pelas laterais como se fizessem parte de um desfile de arte e encantamento. E para completar a beleza da catedral, não poderia deixar de citar linda fonte de águas localizada no pátio principal.

A Praça de Sant Jaume, em estilo renascentista, teve sua construção iniciada em 1597 e só foi concluída nos primeiros anos do século XVII. É um conjunto de edifícios agregados ao longo dos anos. Somente em 1860 chegou às dimensões atuais, com a adição dos Salões das Sessões, da Rainha Regente e das Crônicas, pertencentes ao Palácio Arcebispal.

Em um desses salões, encontra-se o retrato da rainha Maria Cristina com seu filho Alfonso XIII, e esculturas do Rei Dom Jaime I. No pátio e no andar superior estão expostas esculturas de Limonda, Clara, Viladomat, Gargallo, Rebull, Marès, Miró, Huguet, Navarro e Subirachs.

Igualmente interessante é o conjunto gótico da Praça do Rei, dominado pela torre do Mirador do Rei Marti, construído no século XVI. Uma série de arcos (uma das características do estilo gótico) sobrepostos aos demais edifícios constituem o Palácio Real Mayor, então residência dos monarcas castelhanos aragoneses.

À direita do Palácio Real Mayor fica a linda capela de Santa Agueda. Poderão ser admiradas naquele santuário as obras Adoração dos Reis Magos e A Crucificação, de Jaune Huguet, datadas de 1464.

É grande o número de igrejas, palácios e obras de arte expondo esculturas e telas esplendorosas. Temo, ao escrever essas memórias, não ser fiel ao que vi nem tê-las retratado como deveriam, sem erros ou distorções.

Não me perdoaria.

As obras de Picasso poderão ser vistas no museu que leva seu nome, inaugurado em 1963. As obras O Arlequin, A Pomba – que simboliza a paz, As Meninas de Velázquez, A Margot e A Chata estão expostas nesse museu, localizado no conjunto de palácios denominados Berenguer d´Aguilar, construído no século XV, Barão de Castelet e Meca, ambos do século XVIII.

E muito mais eu vi no Museu Marès, após ter passado pelas ruas antigas da cidade, entre elas Petritxol, para ver a exposição de pintura na Praça do Pi.

Teria sido imperdoável não ter visitado a Igreja da Sagrada Família, templo colossal constituído de três fachadas e quatro altas torres de quarenta e cinco metros cada uma. São doze ao todo, dedicadas aos apóstolos. Os quatro monumentais altares foram erigidos para homenagear os evangelistas Mateus, Marcos, Lucas e João. O projeto de Antonio Gaudi está inconcluso. As obras foram interrompidas em 1936, em virtude da sangrenta guerra civil espanhola. Falta ser construída a cúpula principal. Suas altas torres, em estilo neogótico, desafiam o tempo a espera da conclusão da obra que parece, como disse alguém “fazer uma ligação entre o Céu e a Terra”.

Na Barcelona moderna podem ser admirados edifícios, praças e jardins que embelezam a parte nova da cidade. O Anel Olímpico leva à Vila Olímpica, construída para acomodar os atletas das Olimpíadas de 1992. Ali estivemos, contemplando o Estádio Olímpico e as quadras dos mais variados esportes.

Ao iniciar a redação desta narrativa, minha primeira preocupação foi ter à mão apontamentos, elementos de pesquisa e fotografias. Deixei de lado os filmes, pois foram vistos preliminarmente, para refrescar a memória.

Principado de Mônaco

Primeiro, fui a Nice, na França, após cruzar a fronteira italiana. Pernoitei na capital da Costa Azul, na Riviera francesa, aproveitando o frescor da noite para pequeno passeio ao centro da cidade e, depois, visita a Mônaco, distante apenas vinte quilômetros.

Percorri, receoso, as íngremes estradas que cortam os elevados montes, rota indispensável a quem pretende conhecer o pequeno rincão, situado entre terras italianas e francesas.

As estradas são bastante sinuosas. Já aconteceram acidentes fatais, entre eles o da princesa Grace Kelly, morta quando seu automóvel despencou das alturas. Conheci o local onde ela morreu. O medo, ao transitar por aquelas vias tortuosas, acomete os motoristas mais prudentes. Que dirá aos passageiros dos microônibus que circulam pelas serpenteadas estradas em arriscadas velocidades.

No famoso Cassino de Montecarlo, não me dispus a apostar na sorte. Não porque temesse ser abandonado por ela em meio a jogadas ousadas, mas por ter a certeza de que minha carteira de cédulas não competiria com as recheadas bolsas de pessoas mundialmente famosas. São muitos os que para ali acorrem em busca de divertimento ou simplesmente desafiando a sorte.

Realizei poucos gastos. Tudo me pareceu caro, já que meus haveres financeiros eram insignificantes. Paguei oito dólares por uma Coca Cola, recebi dois de troco e me recolhi à insignificância de meus parcos recursos.

Troquei os gastos pelos passeios urbanos. Visitei e tirei fotografias em frente ao Palácio do príncipe Rainier, lamentando não ter visto as princesas. Gostaria de ter encontrado pelo menos a princesa Estefani, tão em evidência naqueles dias. Mas, não foi possível. Consolei-me em transitar pelas pistas de corrida da Fórmula 1, onde imaginei Ayrton Senna como piloto imbatível.

Vi dezenas de carros luxuosos estacionados em frente ao famoso hotel do principado. No mar, grande número de iates e barcos menores descansava de suas jornadas marinhas, enquanto seus proprietários curtiam a vida: jogando ou descansando nas confortáveis suítes onde estavam hospedados.

Que vida!

O Museu Oceanográfico Jacques Cousteau, visto apenas externamente, foi o meu último destino naquela noite de fim de outono. O frio europeu já ameaça meu corpo, protegido apenas por modesto paletó.

No dia seguinte, fui conhecer a Itália.

Amanhã, você, caro leitor, conhecerá um pouco da história romana. Leia o que vimos em Pisa e em Roma, a Cidade Eterna!