A obra:
BRIENT, Jean-François; FUENTES, Victor León (Dir.). Da servidão moderna. Documentário, 2009, 52 min. Cor.
O texto e o filme são isentos de direitos autorais, podem ser recuperados, divulgados, e projetados sem nenhuma restrição. Inclusive são totalmente gratuitos, ou seja, não devem de nenhuma maneira ser comercializados. Pois seria incoerente propor uma crítica sobre a onipresença das mercadorias com outra mercadoria. A luta contra a propriedade privada, intelectual ou outra, é nosso golpe fatal contra a dominação presente.
Este filme é difundido fora de todo circuito legal ou comercial, ele depende da boa vontade daqueles que asseguram sua difusão da maneira mais ampla possível. Ele não é nossa propriedade, ele pertence àqueles que queiram apropriar-se para que seja jogado na fogueira de nossa luta.
Sobre o documentário, posicionam-se os diretores:
O texto e o filme são isentos de direitos autorais, podem ser recuperados, divulgados, e projetados sem nenhuma restrição. Inclusive são totalmente gratuitos, ou seja, não devem de nenhuma maneira ser comercializados. Pois seria incoerente propor uma crítica sobre a onipresença das mercadorias com outra mercadoria. A luta contra a propriedade privada, intelectual ou outra, é nosso golpe fatal contra a dominação presente.
Este filme é difundido fora de todo circuito legal ou comercial, ele depende da boa vontade daqueles que asseguram sua difusão da maneira mais ampla possível. Ele não é nossa propriedade, ele pertence àqueles que queiram apropriar-se para que seja jogado na fogueira de nossa luta.
Da servidão moderna
Resenha
Sílvia M. L. Mota
Resenha
Sílvia M. L. Mota
Livro: escrito na Jamaica em outubro de 2007;
Documentário: finalizado na Colômbia em maio de 2009.
Filme: elaborado a partir de imagens oriundas de filmes de ficção e de documentários e é disponibilizado nas versões francesa, inglesa e espanhola.
A servidão moderna é uma escravidão voluntária, admitida pela turba de servos que rastejam humilhados pela face do globo terrestre. Os próprios escravos adquirem os produtos que os subjugam e procuram, por si mesmos, um trabalho cada vez mais alienante, que lhes é oferecido quando se sujeitam ao domínio do poder instituído. Sofrem os efeitos da discriminação social, talhada pelo grupo que os controla - se de um lado, parte da multidão consome material agroquímico, a outra parte submete-se à penúria e à subnutrição. Até mesmo os mestres despóticos são escolhidos pelos escravos, aos quais foram suprimidas a consciência coletiva da submissão aos abusos, o que decorre da sua própria insanidade.
Eis o busíles da estranha modernidade. Em oposição aos escravos da Antiguidade, os servos da Idade Média e os operários das primeiras revoluções industriais, encontra-se na atualidade, uma classe essencialmente escravizada, que prefere ignorar de forma cabal a tirania exercida pela autoridade que se impõe. Optam por fazer ouvido mouco a uma possível e legítima conduta - a rebelião e se entregam, sem questionamentos, à lamentável e indigna sobrevivência que lhes foi tracejada. O abandono voluntário, a sujeição e a conformidade são a origem da sua desgraça.
Ainda que ancorado num extremo pessimismo, o conteúdo do documentário “Da servidão moderna” torna-se verdade eloquente, quando dirigimos um olhar provocativo à realidade circundante. O documentário demonstra o status do ser humano frente às conquistas intelectuais do mundo contemporâneo: um escravo que, subjugado pela classe dominante, arrasta-se pelos corredores dos escritórios ou pelas alamedas esfuziantes dos shoppings, a mendigar desejos. A evolução intelectual que deveria proporcionar-lhe qualidade de vida, extravasa num aprisionamento irreversível – o consumismo.
Há de se reconhecer, que o conhecimento mudou a Sociedade, como se vislumbrou no início do Século XX. Nessa época, a Escola representava a esperança de democratização da Sociedade – uma Escola que buscasse a liberdade, para que o indivíduo almejasse e conquistasse uma Sociedade mais igualitária. No entanto, não se esperava que essa mesma Escola aprisionasse o indivíduo nas teias da desigualdade social. A revolução tecnológica provoca uma escravidão voluntária, da qual o ser humano não se pretende desvencilhar. Os novos grilhões são sedutores e, para satisfazer suas carências frente ao consumo, o indivíduo busca trabalhos que ofereçam rendimentos suficientes para saciar sua estranha modernidade. Quando não consegue, ou não aceita uma posição digna, por considerá-la insuficiente, corrompe-se. Dessa forma, torna-se verdadeiro animal domado, que não necessita pensar, pois arqueia a cabeça diante das ordens exaradas pela classe dominante. Finge que não enxerga a situação ou, então, por ser fruto de uma Sociedade consumerista, torna-se acrítico e se entrega ao aprisionamento das paixões que proporcionam prazeres fugazes. Permite-se explorar. Cega os próprios olhos e finge não compreender o alcance do mal ao qual se submete. Seu maior algoz deixa de ser o chicote de outrora e se materializa no desejo de consumo. Voluntariamente, perde a consciência do humano. E, a esse refrão, a desigualdade social se avoluma.
Nesses momentos, coloco em questão os valores advindos da revolução intelectual do ser humano, que parece não mais desejar, como em tempos de antanho, a própria alforria.
Há de se reconhecer, que o conhecimento mudou a Sociedade, como se vislumbrou no início do Século XX. Nessa época, a Escola representava a esperança de democratização da Sociedade – uma Escola que buscasse a liberdade, para que o indivíduo almejasse e conquistasse uma Sociedade mais igualitária. No entanto, não se esperava que essa mesma Escola aprisionasse o indivíduo nas teias da desigualdade social. A revolução tecnológica provoca uma escravidão voluntária, da qual o ser humano não se pretende desvencilhar. Os novos grilhões são sedutores e, para satisfazer suas carências frente ao consumo, o indivíduo busca trabalhos que ofereçam rendimentos suficientes para saciar sua estranha modernidade. Quando não consegue, ou não aceita uma posição digna, por considerá-la insuficiente, corrompe-se. Dessa forma, torna-se verdadeiro animal domado, que não necessita pensar, pois arqueia a cabeça diante das ordens exaradas pela classe dominante. Finge que não enxerga a situação ou, então, por ser fruto de uma Sociedade consumerista, torna-se acrítico e se entrega ao aprisionamento das paixões que proporcionam prazeres fugazes. Permite-se explorar. Cega os próprios olhos e finge não compreender o alcance do mal ao qual se submete. Seu maior algoz deixa de ser o chicote de outrora e se materializa no desejo de consumo. Voluntariamente, perde a consciência do humano. E, a esse refrão, a desigualdade social se avoluma.
Nesses momentos, coloco em questão os valores advindos da revolução intelectual do ser humano, que parece não mais desejar, como em tempos de antanho, a própria alforria.
Referências
BRIENT, Jean-François; FUENTES, Victor León (Dir.). Da servidão moderna. Texto completo em português. Disponível em: http://www.delaservitudemoderne.org/texto-po.html. Acesso em: 22 nov. 2016.
BRIENT, Jean-François; FUENTES, Victor León (Dir.). Da servidão moderna. Texto completo em português. Arquivo .pdf. Disponível em:
http://www.delaservitudemoderne.org/Documents/daservidaomoderna.pdf. Acesso em: 22 nov. 2016.