Abril despedaçado

A luta de famílias em “Abril despadaçado”

O filme de Walter Salles “Abril Despedaçado” foi baseado no livro homônimo do albanês Ismail Kadaré e mostra a realidade do sertão brasileiro de 1910 que é marcado pela luta de famílias. A película de Salles mostra o sertão marcado, pela miséria, pela disputa da terra e pela guerra de famílias (Breves x Ferreira) através da historia de dois irmãos: Tonho, um rapaz de 20 anos e Pacu (Minino), o irmão mais novo, uma criança frustrada, seus sonhos e fantasias são constantemente abafados pela dureza da vida e a severidade do pai, reprimindo sua espontaneidade.condenado a dar continuidade a uma antiga rivalidade entre sua família (Breves) e os Ferreira.

Eles vivem em uma antiga fazenda de cana-de-açúcar decadente que é tocada pela humilde família dos Breves. A vida deles não se pode observar qualquer esperança de um modo de vida regido pela relação com a morte entre as duas famílias. É importante notar o simbolismo da hora de matar ou morrer e determinada quando a mancha de sangue da camisa do rival morto amarelar, e o seu cumprimento é uma questão de honra e de ética.

As vidas dos irmãos estão representadas pela metáfora da roda de bois, onde tudo é limitado, os movimentos, as palavras, a visão, homens e bois se equivalem. Mas este mundo começa a mostrar sinais de desgasto, fadigada ao fracasso, é tempo de parar, somente o pai patriarcal, insensível, insiste neste modelo ultrapassado.

Pacu percebe que é momento de mudar e começa a questionar a lógica da violência daqueles homens e mulheres que não conseguem enxergar a desgraça na qual estão mergulhados, instigando o espectador a manter apurados, a razão e um mínimo de censo critico, para ampliar no espaço simbológico universal suas representações.

Esta luta de famílias no Nordeste é bastante real e segundo Costa Lima (1980, p. 3,4), as comunidades de sangue precederam as comunidades de território na evolução das organizações sociais humanas, sendo que essas comunidades de sangue, a família, exerceram o máximo das funções sociais, ou seja, além de se definir como uma grande unidade de produção que era baseada na propriedade latifundiária e no trabalho escravo, ela também se comportava como uma unidade religiosa (sua religião, seus deuses) e uma unidade política, com suas leis e sua justiça interior, acima da qual não haveria outra para se apelar, enfim, um ”pequeno Estado”: “A vingança privada pode ser analisada como: uma violência coletiva que põe frente a frente grupos e não indivíduos” .

Este tomada de consciência de Pacu se dá através do livro. O jovem começa a sonhar com outros através da leitura das figuras do livro. Por sua vez, Tonho, que não tinha muito tempo, este encontro é a oportunidade de conhecer o amor através de Clara, que o liberta momentaneamente e ambos integram-se.

O desfecho é triste, com o menino trocando de lugar com o irmão e é morto. O engano desfaz o ciclo e Tonho libertado pelo irmão, segue ao encontro do sonho. Como pudemos observar este drama explora temas eternos da humanidade: honra, família, morte, vingança. A partir de seres humanos sob determinada condição social, biológica, mítica, circunstancias que os ameaçam, definem e limitam. Revela ao mesmo tempo a fragilidade das forças estatais de controle e repressão que no mínimo poderiam dar rumos a um senso de justiça que não existia.

Referencias

COSTA PINTO, Luiz de Aguiar. Lutas de famílias no Brasil. São Paulo: Editora Nacional, 1980.

Luiz Zanotti
Enviado por Luiz Zanotti em 10/10/2011
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