Formação no e para o Trabalho- autora: Sandra Soares Della Fonte- Texto base para o processo de seleção PROFEPT 2020

Formação no e para o Trabalho- autora: Sandra Soares Della Fonte

A autora, Sandra Soares Della Fonte, é professora da Universidade Federal do Espirito Santo; e seu trabalho foi apresentado no IV Seminário de Alinhamento Conceitual do PROFEPT.

O texto Formação no e para o trabalho é base para a seleção do mestrado PROFEPT 2020.

A autora inicia o artigo afirmando que a relação formação humana e o trabalho tem sido realizada há muito pela humanidade e que, Marx não fora o primeiro a abordar tal tema.

Na antiguidade Clássica, dois autores apresentavam ideias contrárias relacionadas ao trabalho. Em Homero, o trabalho era destinado aos servos e escravos. Já em Hesíodo, " o trabalho não é nenhuma desonra, desonra é não trabalhar.

No Renascimento, há a valorização das artes mecânicas. Mas, é com a reforma Protestante que o ócio e a vida contemplativa, que fora defendida por Homero, cedem lugar para o trabalho.Continuando o seu apanhado histórico sobre o trabalho, a autora cita uma frase disposta no pórtico dos centros de concetrações nazistas durante A II guerra mundial: o trabalho liberta.

A autora também faz uma análise etimológica da palavra trabalho. Tripalium é a sua correspondência em latim e possui dois significados. O primeiro, como instrumento de agricultura utilizado pelos romanos, e o segundo, era um instrumento de torturar escravos desobedientes, um instrumento de opressão.

Em suma, depreende-se do texto que a honra e a desonra em relação ao trabalho atravessou a história. No ocidente tem prevalecido a sua valorização.

O trabalho forma e deforma

A autora inicia com um citação de Engels, no qual ele afirma que o trabalho é a fonte de toda riqueza. Engels vai dizer que "Ele é a primeira condição fundamental de toda vida humana...Ele cria o homem." A professora reforça o pensamento de Engels, a ação tipicamente humana de produzir a vida chama-se trabalho. Porque é por meio dele que o homem produz os meios e a condição para sua existência. Daí, entende-se melhor a frase de Engels: " o trabalho cria o homem."

A professora segue em seu artigo demonstrando a importância do trabalho para a formação do ser humano. Ela compara o homem a um animal. Este já nascem com sua carga genética programada. Bastam seguir seus instintos.Os homens, não. E como o homem então é formado? A formação do homem se dá pelo trabalho.

O trabalho é a transformação da natureza pelo ser humano. É a ação criadora e criativa do ser humano por meio da relação homem natureza e com outros seres humanos.

Mais adiantem a autora apresenta o conceito de patrimônio cultura, que, segundo a tradição marxista são " coisas materiais e simbólicas que resultem de trabalho e que não e existiam na natureza". Logo,se é resultado do trabalho humano aplica-se devidamente a seguinte frase: "Em tudo que se produz o ser humano se coloca, isto é, se projeta, coloca o seu ser na sua criação". E o acesso a esse Patrimônio Cultura é condição de humanização.

Uma possível indagação de quem está lendo este texto e não leu ainda o original: Porque ao transformar a natureza, o ser humano transforma a si próprio? É que ao realizar essa transformação o ser humano cria a capacidade que antes não possuía. Muda assim mesmo. Cria um mundo cultural fora de si. Cria a si mesmo como ser social e humano.

O trabalho forma, modela não apenas um objeto, mas o sujeito do trabalho. A autora cita um poema de Vinícius de Moraes, O operário em construção: "que O operário faz a coisa/ e a coisa faz O operário".

O trabalho no sistema capitalista têm uma formação na unilateral do trabalhador. Ele é aprisionado a uma única operação. É mutilado e fraturado pelo trabalho parcial. Com a ascensão do uso das máquinas, o trabalho continua unilateral, mais depende menos das habilidades do trabalhador. O saber do operário é materializado na máquina, sendo trabalhador apenas, seu operador.

Autora, irá afirmar que nesse caso o ele é despojado do saber de um trabalho concreto, tornando-se um servo da máquina: um fragmento vivo do mecanismo morto.

Diante da fratura do trabalho e do trabalhador com apêndice da máquina Marx enxerga a germes do que ele denomina de formação omnilateral.

A palavra omnilateral foi usado por Marx e 1844 no seu manifesto econômico-filosófico. Um termo vinculado ao devir comunista. Dá uma ideia de afirmação, não apenas no pensamento, mas em todos os sentidos de modo pleno inteiro, onminilateralmente. É uma emancipação do ser humano, sendo ele, nesse novo arranjo social, fim desi mesmo e não meio. Nesse contexto, há uma contraposição ao homem fraturado pela divisão social do trabalho. O ser humano total onmilateral em todas as capacidades e faculdades. Esse desenvolvimento omnilateral, que mais adianta irá assumir o conceito de universal, é condição para a superação da propriedade privada.

Max irá colocar o comunismo como "a realização do indivíduo em todos os aspectos ou seja, de forma omnilateral" essa forma inteira, completa, universal do homem, ele já vislumbrava dentro do próprio sistema fabril. Lá estava os germes da educação do futuro que conjugaria trabalho produtivo e o ensino e ginástica como único meio de conduzir seres humanos ao pleno desenvolvimento.

No entanto, não foram apenas Max que vislumbrou a associação do trabalho e educação. Essa ideia também se efetivou sob interesses burgueses, formando um trabalhador apto a transitar em diversos ramos da produção, um treinamento técnico, circunscrito a fluidez de função e a mobilidade do trabalhador. Porém, essa ação promovida pelos industriais nos moldes capitalistas promoveu uma possibilidade de conjugar capacidades humanas diversas, mesmo que não tenha sido de forma omnilateral, mas foi seu germe. É nesse cenário que Marx propõe um alinhamento da educação escolar à luta política.

A professora concluiu o seu trabalho reafirmando quê a formação humana se dá no trabalho porque ele é agir formativo.

No capitalismo o trabalho forma e de forma. Para a autora, esse formar pode ter um significado o geral e o outro mais específico. O geral, implica em recuperar por meio do processo formativo intencional, ação humana criative criadora. De forma específica, é uma tarefa de crítica. De reconhecer o quê fazer e como fazer isso dentro do sistema capitalista. Esses duas formações, a geral e específica, visa sanear o caminho para atingir à educação do futuro.

A educação do futuro mas ainda sobre a hegemonia burguesa. Nas suas fábricas, como Marx aferiu, nasce o gérmen da mudança. Mas, enquanto essa hegemonia não for superada, a educação do futuro não se plenifica.

George Itaporanga
Enviado por George Itaporanga em 11/04/2020
Reeditado em 11/04/2020
Código do texto: T6913974
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