SIMPRES

Contrareio todo mundo

Co dizer estapafúrdio

Que ao doutô carsa repúdio,

Faiz letrado furibundo.

Viro os zóio das madame

Quando pido à porta uns bico

E às baranga infâmia grito:

“Ô lá em casa” dos andaime.

Se cafundo argum verbete

Falo frânquio: “Farta estúdio,

Me descurpem, mas canúdio

Nunca feiz um presidente

“Veja intaum, sinhô doutô

Mesmo pobre e anarfabeto

Nenginhero ou arquiteto

Faiz tamanho bangalô

Como aquele ali da esquina

Com deiz água e escadaria

Geço bão, marmoraria

E uma baita de piscina.

E a muié tão mais prendada

Pinta e borda, e assa pão

Vai pra escola e vende – e não,

Nunca a mão tão calejada

Viu caneta nem brochura –

Mais prepara uma cocada...!

Corrége e induca a fiarada

’Inda atende mi’as luxura...

Que me adianta ser sabido

Querê dá de adevogado

Se o que paga o mercado,

Ágoa, luiz e os comprimido

Da pressão não é os enfeite

Que eles põe nuns palavrão

Pra dá cor ao seus pavão

Nem das cria compra o leite.

Pois é isso seu patrão

Té amanhã lá pelas sete

Vareio aqui de Chevete

Sentá lajota no chão

Batê reboco e esquadrá

Parede, muro e dé cabo

Do esqueleto do teiado

Do teiado e dos berá

E garanto a vóismecê

Quando ao fim ponhá o zóio

No arpendre a tinta óio

Vai brilhá de enseguecê

E seu nome e o da famia

Todo em oiro inscrevinhado

Ressartando do teiado

Doutô vai lê com alegria

Em portugueis acertado:

“Coroné Demétrio Lopes

Da Cruz de Armeida” e o mote:

“Maiorá de este Estado”.

F H Pupo
Enviado por F H Pupo em 24/03/2025
Código do texto: T8293492
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