CHUVAS

                                          Solano Brum
Saio para a chuva. Quero molhar o “meu eu”,
Tentando alvorejar minh’alma condenada!
Pingos caem sobre mim e na terra ressecada,
Como das mãos de quem rega flores lá no céu!

Sorvo, já, nesta vida, última gota desse mel,
Doce oferta generosa desde minha alvorada!
Ah, tentativa vão de ter a alma bem lavada...
Capitoso vinho mas com sabor de amargo fel!

Às vezes, as ilusões nos chegam tão depressa
Que, mal sentimos, já estamos no redemoinho
Sem que se possa buscar a tábua de salvação!

Cai chuva benfazeja... Chuva da promessa!
Sê tu à minha vida, até então, em desalinho,
A última dádiva a uma possível absolvição!
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                    CHUVAS
                              Solano Brum

Cai uma chuva fina... Tão fina feito garoa
E esse vento frio, não é do mês de agosto!
Chuva fina, vento frio, solidão, desgosto,
São flechadas que, ao coração magoa!

Vento frio sem se importar o quanto doa
E uma chuva fina a umedecer meu rosto!
Comigo vivem, a tristeza de um sol posto
E o pranto vespertino que a cigarra entoa!

Sou, a própria mudez de um triste lago,
- Rapsódia de quem não tem inspiração;
Ósculo efêmero, na face, feito afago!

Sou esse vento frio; essa chuva fina;
- Saudade, carcereira da minha solidão,
Que traz desgosto e ao coração destina!
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Republicação, em 10/01/2018
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Nunca estamos longe, nesse Palco do Recanto da Letras. Obrigado meu estima Poeta.
          POETA OLAVO
"Chuva em meu teto de zinco
Esquenta tudo no meu barraco
Com a mulata gosto e brinco
De colocar giz no taco." 
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Recebi da Ilustre Poetisa essa linda trova. Parabéns! Isso prova de que estamos unidos nesse recanto, em todos os sentidos! 

Guída Sá
Chuva fina que me traz saudade...
De um passado não muito distante...
Como açoite a tristeza invade...
Arrocha com uma força gigante.
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