Uma Pequena Porção da História de Vida da Vovó Edith
Texto em comemoração aos 107 anos da vovó Edith da Silva Thomaz "Lucena" (in memoriam).
Há muito tempo, numa pequena casa de madeira no Estado de Goiás, na região que hoje está a capital, nasceu em 16 de julho de 1917, uma brasiliense por nome Edith da Silva Thomaz. Seus olhos, curiosos e brilhantes, contemplaram o mundo com a mesma intensidade que marcaria sua vida extraordinária.
Edith era a filha primogênita de Durval e Philomena Thomaz e tinha três irmãos mais novos: duas meninas, Elza e Eurídice, e um menino que levava o nome do pai. Cresceu em meio a campos verdejantes e riachos cristalinos. Desde cedo, demonstrou interesse pelo ofício da mãe, a senhora Philomena, uma excelente costureira que confeccionava desde roupas simples, uniformes militares até as mais sofisticadas. No entanto, sua sede de conhecimento a levou a se tornar uma ávida leitora, devorando livros e sonhando com lugares distantes.
Entre as décadas de 1920 e 1930, a família mudou-se para a capital do Rio de Janeiro, então conhecida como Guanabara. Por volta do ano de 1931, seu pai, Durval, adoeceu gravemente e faleceu, deixando a esposa sozinha com os quatro filhos. Edith, já adolescente, assumiu a tarefa de ajudar a mãe a cuidar da casa e dos três irmãos mais novos. Um ano depois, sua mãe também faleceu, e Edith passou a contar com a ajuda das tias, irmãs de sua mãe, que já viviam no Rio de Janeiro antes de sua chegada com a família.
Em 1933, aos 16 anos, Edith casou-se com o operário José Fernandes de Lucena, 12 anos mais velho, natural de João Pessoa, do Estado da Paraíba. O casamento, seja arranjado ou fruto de um grande amor, trouxe consigo a responsabilidade de cuidar dos três irmãos mais novos. A partir de seu casamento a jovem passou a ser conhecida como a senhora Edith Lucena, ou simplesmente, dona Edith.
Quando a Segunda Guerra Mundial eclodiu em 1940, Edith tinha 23 anos, estava no auge da juventude. Embora o marido não tenha sido convocado, sempre havia o temor de que isso pudesse acontecer. Ela viu amigos partirem para o front e acompanhou os acontecimentos e informações sobre a guerra pelos jornais da época. Edith permaneceu em casa, cuidando dos irmãos mais novos junto com o marido e tecendo esperanças de dias melhores em cada ponto de suas agulhas. Foi nessa época que Edith e José aceitaram a Cristo e se converteram.
Com o tempo, dona Edith tornou-se mãe de 12 filhos e, mais tarde, avó de muitos netos. Criou seus filhos com ternura e firmeza, transmitindo valores de honestidade, compaixão e resiliência. Os anos se passaram, e Edith testemunhou o mundo mudar diante de seus olhos: a chegada da televisão, a revolução de 64, a exploração espacial, a guerra do Vietnã, a crise dos mísseis em Cuba, a queda do Muro de Berlim, etc. Celebrou aniversários, formaturas e casamentos. Em cada ruga de seu rosto, havia uma história, um sorriso, uma lágrima. Seu marido, na época pastor, faleceu em 1980, mas ela permaneceu firme, enfrentou a solidão com coragem, mantendo sempre viva a chama da esperança.
Porém, foi como avó que dona Edith brilhou com mais intensidade. Acolheu cinco de seus netos em seus braços para morar com ela. Contava-lhes histórias de tempos antigos e ensinava lições preciosas sobre a vida e a Palavra de Deus. Suas mãos habilidosas preparavam bolos e biscoitos, enchendo a casa com o aroma doce da infância. A casa estava sempre cheia de gente: família, irmãos, filhos, netos, sobrinhos. Todos vinham visitá-la, especialmente no dia de seu aniversário. Os cinco netos que criou eram seu motivo de orgulho, e ela cuidava deles com amor e dedicação, proporcionando tudo o que estava ao seu alcance. Aquela vó era um anjo enviado por Deus na vida dos netos que criou, estes a reverenciavam pelo exemplo de vó, mãe e amiga, era uma grande mulher, além de, muito solidária.
Hoje, enquanto recordamos com carinho da Vó Edith, imaginamos sua risada ecoando pelos corredores da casa, suas mãos segurando um buquê de flores frescas. Embora tenha partido em 1992, sua essência permanece viva em cada geração que carrega seu nome e suas memórias. E principalmente, para os 5 netos que ela criou. Suas vidas foram marcadas para sempre por seu exemplo e por todo bem que fez a estes enquanto viveu.
Vovó Edith, foi uma mulher a frente de seu tempo, tinha um coração grandioso movido por uma fé inabalável em Deus, e viveu sua vida com toda força e plenitude, nos ensinando que a vida é uma jornada de amor, coragem e gratidão. Que sua luz e exemplo continuem a brilhar, inspirando todos nós a viver plenamente, assim como ela fez.
"Eu, em meu nome e de meus 4 irmãos, quero agradecer mais uma vez. Muito obrigado por tudo minha querida vovó Edith. Enquanto, nós seus 5 netos vivermos, sua memória e seus feitos sempre serão lembrados com muito orgulho, amor e saudades".
Com carinho,
Eu, um de seus 5 netos, que a senhora bondosamente criou com tanto amor e carinho,
D. Augustus Bragança de Lucena