Agronegócio e meio ambiente
O artigo 225 da Carta Magna de 1988 assegura que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. No entanto, a dificuldade em conciliar o crescimento econômico com sustentabilidade persiste no Brasil contemporâneo e ilustra uma realidade que se direciona na contrapartida da Lei. A partir disso, pode-se inferir que o agronegócio consolida-se como uma atividade que insere o país no quadro da economia global, entretanto, seu impacto ambiental configura-se como uma problemática que advém das origens do território nacional e político-social.
Em primeiro plano, convém ressaltar que o setor primário exerce uma influência significativa sob o viés econômico, uma vez que o Brasil impõe-se como um dos maiores exportadores de commodities do mundo. Embora tal cenário possa aparentar um motivo positivo de destaque, são nítidas as mazelas relacionadas à preservação do meio ambiente em nível local e ao bem-estar das populações vulneráveis. Ademais, depreende-se uma escalada exponencial da destruição de ecossistemas remanescentes, pois a lucratividade em esquema de cadeia produtiva é ilusoriamente compreendida como um recurso inesgotável que suscita o potencial da estrutura fundiária.
Uma possível explicação para a situação do agronegócio no hodierno vincula-se ao período colonial, visto que garantir a produção nas terras cedidas era uma das exigências impostas ao receptor das mesmas. É perceptível que no Brasil atual, a mesma mentalidade utilitária e exploratória insiste em se efetivar, o que contribui para o declínio da produção familiar e para o crescimento dos números de queimadas e desmatamento, com especial ênfase para a região do Cerrado, onde o desenvolvimento agropecuário tem grande expressividade. Nesse sentido, relegar a consciência ambiental ao segundo plano é sinônimo de nutrir a ganância material e humana.
Portanto, diante de uma conjuntura em que a sustentabilidade é assolada pelos preceitos capitalistas que regem o agronegócio, é imprescindível a adoção de uma postura crítica por parte dos mais variados setores na tentativa de propor uma reconciliação ampla, pois de acordo com o escritor irlandês Oscar Wilde, o inconformismo é o primeiro passo para o progresso. Assim, visando à solução do impasse entre economia e ecologia de forma harmônica e resolutiva, será possível verificar o equilíbrio previsto na Constituição e o acesso ao ambiente preservado em diversos âmbitos.