A iminência da catástrofe
Lançado recentemente, o filme “Não Olhe para cima” retrata uma situação hipotética que aflige a humanidade desde os tempos mais remotos da civilização: o fim do mundo. De modo análogo, a possibilidade de uma extinção em massa é o suficiente para mobilizar o imaginário coletivo rumo à busca por soluções ou ao conformismo de que não será possível alterar o destino do planeta. Nesse sentido, pode-se inferir que a forma como os indivíduos lidam com a ideia de fim, esclarece muito acerca dos pensamentos humanos e reflete o impacto decorrente da falta de responsabilidade e de ação global diante dos limites da Terra.
Em primeiro plano, convém ressaltar que o medo acerca do fim sempre foi um tema presente em muitos sistemas de crenças e em visões de mundo que utilizaram mitos e lendas como meio de explicação sobre assuntos que se encontram para além da razão, como por exemplo, a mitologia egípcia, que é estreitamente vinculada à religião. Além disso, muitas criações humanas, como a veneração de um Deus servem ainda como consolo frente à finitude da vida. Tal fenômeno evidencia que determinados comportamentos se baseiam em temores que desafiam a concepção de existência, posto que o extermínio de todos os seres vivos torna-se brando quando a certeza das crenças é estabelecida e propagada.
Entretanto, adotar uma postura impassível perante o tema em discussão revela um profundo descaso com o futuro do planeta, uma vez que a humanidade é uma das principais responsáveis pelos efeitos danosos à Terra, visto que nos últimos séculos, a dinâmica do mundo foi amplamente afetada pela negligência ambiental e energética. Em razão dos efeitos surtidos em larga escala e em um tempo extremamente curto, quando comparado com o tempo geológico, a contemporaneidade vive no período Antropoceno, em que o Homem altera o meio em seu benefício próprio, sem considerar que tais atitudes fomentam a célere destruição de si e de seus semelhantes.
Portanto, a conjuntura marcada pelo alarmante desrespeito com os recursos terrestres remanescentes apresenta uma contradição quando vista sob o prisma dos milênios de cogitações mítico-religiosas, visto que o risco de extinção do mundo poderia ter sido evitado. Urge, por conseguinte, que medidas sejam tomadas enquanto o planeta ainda se sustenta, na tentativa de reverter o quadro de uma possível calamidade futura. Para isso, é imprescindível manter a esperança e propor soluções que englobam a realidade das mais jovens gerações, orientando sua direção na ordem do amanhã: “Não olhe para trás”.