As ações humanas atuais e a herança para o futuro
O personagem principal da obra machadiana “Memórias Póstumas de Brás Cubas” afirma que nunca teve filhos nem transmitiu a nenhuma criatura o legado de nossa miséria. A partir de tal afirmação, pode-se evidenciar a visão pessimista que engloba a reflexão acerca do futuro, em razão das irresponsabilidades que permeiam o mundo contemporâneo. Nesse sentido, é possível inferir que a conscientização é um fator imprescindível diante das ações humanas no âmbito da sustentabilidade e da funcionalidade social, à medida que proporciona as condições necessárias para o bem-viver das gerações seguintes.
Em primeiro plano, convém ressaltar que a quantidade de recursos disponíveis para a estabilidade da população varia conforme a circunstância histórica, o que dita os rumos do futuro de um povo. Tal assertiva pode ser ilustrada pelos estudos do economista Thomas Malthus, que no contexto da Revolução Industrial, colaboraram para o entendimento que a população crescia em progressão geométrica enquanto que a produção de alimentos crescia em um ritmo incapaz de acompanhar a explosão demográfica. Ou seja, verifica-se que o impacto das atitudes humanas geram consequências a longo prazo, além de acontecimentos que podem modificar os rumos de uma civilização.
Ademais, o papel das crises econômicas e ambientais são importantes indicadores de progresso ou retrocesso de uma sociedade. É nítido, por exemplo, que o planeta sofre adversidades climáticas que foram impulsionadas pelo efeito antrópico e abalarão o futuro da humanidade em nível global. No entanto, é incontestável o esforço na tentativa de reparar os danos gerados por meio de conferências climáticas de voz ativa, como a de Estocolmo e a COP 26, que simbolizam um avanço na percepção das sequelas geradas pelo Homem no próprio ambiente em que vive. Além disso, cabe ressaltar que esses eventos são acompanhados por outras problemáticas vinculadas, como a dilatação das desigualdades sociais.
Portanto, diante da possibilidade de um futuro marcado pelas incertezas que estão sendo construídas dia a dia pela sociedade humana no mundo atual, torna-se necessária a participação ativa de todos os segmentos populacionais no engajamento sobre pautas referentes ao legado que se pretende deixar para o amanhã, uma vez que a compreensão de que os seres humanos são sujeitos aptos a ditar a continuidade de um meio que lhes foi concedido, assim como em determinado momento, tal meio será repassado às crianças e aos jovens de hoje.