Educação financeira: o custo hoje e o valor amanhã
De acordo com a ativista paquistanesa Malala Yousafzai, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo. A partir de tal reflexão, percebe-se o papel ativo que a educação exerce nos variados âmbitos da vida, entre eles, o financeiro. Nesse sentido, pode-se inferir que a responsabilidade educacional no tocante à educação financeira dos estudantes desde o ensino fundamental ainda não é aplicada de forma integral, em razão das desigualdades entre escolas públicas e privadas e da falta de metodologias efetivas para se abordar o tema de modo simples e disciplinar com uma visão prática e de longo prazo.
Em primeiro plano, é conveniente ressaltar que embora a globalização tenha interligado mercados mundiais e reconfigurado a economia das nações, o contexto local da realidade brasileira apresenta dificuldades de reeducar-se financeiramente, principalmente no que tange ao planejamento econômico familiar. Além disso, a precariedade de acesso à educação básica acomete milhares de crianças e jovens que em tese, deveriam ser contemplados pelo primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, o qual afirma que todos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Logo, sem as devidas condições, o contato com aulas de projeto de vida, educação financeira e empreendedorismo, por exemplo, torna-se inviável.
Ademais, pode-se dizer que inserir noções de planejamento econômico na grade pedagógica trata-se de uma reformulação cultural no modo como se encara a importância do dinheiro, uma vez que o padrão de consumo na sociedade contemporânea baseia-se em preceitos neoliberais introduzidos com o ideal “American way of life”. Por isso, visualizar a sala de aula e o ambiente escolar como um microcosmo social implica o questionamento, sobretudo, de valores coletivos. Assim, faz-se necessária uma readaptação dos conceitos como “economizar”, “poupar” e “investir”, para a linguagem dos alunos.
Dessa forma, a educação financeira nas escolas consolida-se como uma pauta imprescindível, sendo um diferencial no preparo dos jovens que adentrarão o mercado de trabalho, além de um importante elemento no processo de formação cidadã. Portanto, em consonância com o sociólogo Émile Durkheim, que afirmou que os indivíduos somente podem conhecer a si após compreender o meio a sua volta, torna-se fundamental o incentivo e a valorização da educação financeira, bem como dos profissionais da área, visando à melhoria do vínculo entre o ser humano e o mundo dos bens materiais.