Trabalho voluntário: um ato de esperança e cidadania
Meio ambiente, fome, mudanças climáticas, abandono de animais, educação, deficiências, pobreza e crianças em estado de vulnerabilidade são algumas das problemáticas que afetam a sociedade brasileira contemporânea, e contam com o apoio financeiro proveniente do trabalho voluntário. Nesse sentido, nota-se a importância da disposição de grupos, pessoas e corporações em ajudar a reduzir tais mazelas, sem o propósito de lucrar com a tarefa benévola. Sendo assim, pode-se inferir que as desigualdades sociais constituem um dos motivos para o trabalho voluntário, e que o mesmo vem se fortalecendo com a conscientização prática de sua eficácia.
Em primeiro plano, convém ressaltar que o trabalho é, para os seres humanos que vivem no mecanismo social, uma fonte insubstituível de renda e de ressignificação da existência, o que exemplifica a célebre frase de Benjamin Franklin: “O trabalho dignifica o homem”. Contudo, apesar da consolidação dos moldes capitalistas, diversas pautas que demandam um olhar de gentileza social se fazem presentes no país. A ausência, porém, de projetos que concretizem as melhorias nos variados âmbitos, decorre de uma falta de planejamento em nível da administração federal, mas também de ações locais que expressem as necessidades específicas de determinadas vertentes populacionais.
Ademais, outro fator em questão é o fenômeno da voluntariedade mascarada em discursos que objetivam maior visibilidade e consequentemente, uma forma de lucrar por meio de uma fragilidade social. Desse modo, a taxa de atividades que se inserem como trabalho voluntário no país é baixa, uma vez que dados do PNAD evidenciam que apenas 4% da população pratica algum tipo de voluntariado. Tais dados demonstram, sobretudo, que o engajamento no que tange à solidariedade social enfrenta um declínio significativo. Ou seja, a defesa das causas e a busca pela conscientização consolidam-se como desafios, visto que o olhar diante dos problemas tem se mostrado um ato de politização individual, ou relegada a outros setores que teriam em tese, maior poder resolutivo.
Portanto, tendo em vista uma conjuntura de desvalorização dos projetos voluntários em razão da falta de incentivos comunitários e governamentais, cabe às prefeituras, em consonância com as escolas, desenvolver projetos interdisciplinares que envolvam a arrecadação de produtos que podem ser reaproveitados, e consequentemente, a inserção dos jovens no meio voluntário. Assim, por meio de mobilizações que aspiram à conscientização estudantil, como a criação de centro de lideranças e eventos beneficentes, será possível, a longo prazo, cumprir com o intuito de promover uma realidade menos desigual e socialmente mais justa nas diferentes esferas de atuação coletiva.