Maleo, a Ave prodígia
Filantropia
Longe de jactância e insolência,
Prefiro servir a ser servido:
Enquanto sirvo, torno minha saúde física / emocional utilitária,
Ao passo que sempre servido,
Perco-me entre a acomodada necessidade e a infeliz dependência.
Guiar o deficiente visual e dar a mão ao idoso para auxilia-lo na travessia da rua e outros gestos de solidariedade no momento oportuno para quem, realmente necessita, sim; dependência a quem quer que seja, nunca!
O filhote da ave denominada Maleo leva até 3 dias para se libertar do buraco que o incuba e protege; enquanto que apoiados por culturas e politicas ideológicas fracassadas, certos povos passam décadas e mais décadas sob uma barra de saia, comendo, bebendo, dormindo, sujando as águas, olhando pra cima, pedindo chupeta; e ainda diz que é pouco conforto e segurança.
A inteligência intuitiva animal supera e muito, a inteligência racional imperativa humana; o que faz do homem miúdo, raso, dependente ao extremo, quando comparado, uma espécie com outra. Portanto, por questão de justiça, torna-se necessário e urgente, que Deus nivele os poderes entre os animais, repensando a imagem e semelhança dEle.
Esclarecer, formar, educar, conscientizar para a responsabilidade e honesto comprometimento cidadão, sim; corporativismo protecionista clientelista, jamais.
Tal virtude é complexidade demais, para quem acostumou-se deitar sob os sombreiros fornecidos pelas copas das frondosas e aposentadas árvores.
Quando não se tem olhos para a Natureza, a mente (pre)ocupa-se com a dependência provenientes das atitudes de suas irmãs / semelhantes.
Em tempos que animais domésticos é mais família, que a própria família consanguínea, provavelmente fechem os olhos e apaguem da memória, o lido.
Todavia, todos na rua, escorraçando e pedindo a saída do genocida Bolsonaro. É sério isso....; ou minha escrita é falaciosa?!
Faz quase 12h que o dia deu o ar da graça e com ele, as minhas ilustres visitas. Chega um, chega outro e mais outro. Cada espécie à sua maneira, saltitam pra lá, pulam pra cá; trinam uma canção de algumas notas, vocalizam uma oração em agradecimento por terem dormido um sono reparador; e vão chegando para a alvorada matutina.
Nesse corredor verde, com matas ciliares tapando nascentes dos raios solares e ladeando riachinhos, curruiras, maritacas, sassanhos, curucaca, sábias, almas de gato, pardais, canários da terra, tiés, rolinhas, beija-flores, biquinhos, andorinhas, urubus, coró-coro, siriemas, bicos, garças, bem-ti-vis, pato brejeiro, tesourinha, anuns, jacus, saracuras, bicudos, gralhas e outros que não mostram identidade, desfilam nas passarelas dos gramados dos baixios e fazem malabares nos galhos e folhagens de arbustos e coqueiros. Sem ensaios coreográficos, são dados ao espetáculo cantos e cores, naturalmente.
As apresentações ocorrem, regularmente, de manhã e à tarde; pois no decorrer do dia, principalmente em dias quentes, sombra, água fresca e sossego pedem uma ressonada. Para a passarada que despertou com a aurora, o silêncio no decorrer do dia está para uma ressonada, quanto a disciplina está para a qualidade do sossego. E o ajuntamento de tudo renova e motiva os viajantes para o retorno ao lar; o que acontecerá só com o adeus do sol, bem mais tarde.
O inverno chegou; não aquele inverno de trocar as penas, como também não é aquele frio que faz certas aves e pássaris arribar as asas para lugares longínquos à procura de agasalhos doados pelos raios solares, mas perante os fenômenos impostos e datados pela Natureza, a passarada reconhece que a alimentação diminuiu nas árvores dos ambientes por quais voam, logo a estação mais fria pede passagem. Com isto, a esperança de sobrevivência exige voos mais longos e contínuos, entretanto, voar é trabalho trabalho, requer energia calórica.
Deveras, excluindo as ações dos homens que, quando não são anéis de fogo para os dedos do próprio construtor queimar, são desmancha-prazeres, a festa cotidiana promovida pela passarada varia, conforme variam as condições impostas pelo ambiente; contudo, faça sol ou faça frio, chova ou seque a terra, adaptar-se é lei a ser seguida.
Essas mínimas coisas, ora estudadas por muitos, faltam à sensibilidade até dos que as estudam; e um dia desses, Eu estava enrolando os anéis da inocuidade, quando notei uma variedade de pássaros bicando as cascas de frutas que junto no canteiro de couve.
À princípio, ignorei; mas à medida que a manhã corria, que os ventos circulavam por entre as folhagens e a passarada comia com gosto e vocalização as migalhas nas cascas, tomei ciência que estávamos no inverno, estação minguada de frutas nos arvoredos e grãos na lavoura.
Imediatamente, despertei de minha indolente fraqueza e pensei no que poderia ser feito para facilitar a sobrevivência dessas ilustres visitas. E nada seria melhor que um alimentador forrado de frutas para aquecê-los. Daquele dia em diante, aqui é parada obrigatória para uma bicadinha na doçura da frutose; e com os papos cheios, limpam os bicos nos fios e antes de partirem para a resignada, cantam, gorjeiam, vocalizam, guicham e trinam agradecendo a refeição.