Os desafios da divulgação cultural no contexto da pandemia de Coronavírus no Brasil

De acordo com o dramaturgo irlandês George Bernard Shaw, os espelhos existem para que se possa ver o rosto, e a arte, para que se possa enxergar a alma. De modo análogo, os seres humanos são dependentes da produção cultural, que inclui a linguagem artística, literária, musical, cinematográfica, entre outras. Entretanto, a pandemia ocasionada em decorrência do novo Coronavírus, tem apresentado barreiras de ordem estrutural e econômica na busca pela propagação das linguagens culturais, o que afeta diretamente o contato do público com novas ideias e concepções e tem como uma das consequências, uma ruptura na formação de opiniões.

Apesar dos desafios nas mais diversas esferas, trazidos com a crise de saúde, as épocas mais repressivas e sombrias da história humana motivaram produções artísticas em larga escala. Como exemplo próximo da realidade brasileira, pode-se analisar a expressividade das produções culturais no contexto ditatorial do Estado Novo. A necessidade do consumo cultural é nítida nas condições normais de um mundo gloabalizado e em transformação, como estratégia de escape do mundo real, mas quando se trata de uma crise que assola o planeta e traz consigo atrocidades de ordens humanas, a cultura é encarada como um elemento ainda mais imprescindível de refúgio.

Segundo dados publicados em abril de 2020 pela OMS, distúrbios relacionados à ansiedade e depressão aumentaram em mais de 50% em países da América do Sul. Entre os fatores que tornam-se essas estatíticas palpáveis, estão: a falta de incentivo à cultura e a desvalorização da educação por parte de órgãos públicos direcionados; as dificuldades de acesso ao entretenimento e ao conhecimento através dos meios digitais, em geral acometidas pela baixa renda familiar e a presente elitização da manifestação cultural, acentuada pelo olhar errôneo de que a cultura é uma atividade ociosa, considerada privilégio de poucos em detrimento de outras ocupações.

Diante de uma crise global, mas acima de tudo, de uma crise cultural, é fundamental a ação voluntária por parte de diversos artistas que lutam pela democratização através das redes sociais e das mídias de apoio, além da adequação das atividades ligadas à cultura, por meio de ONG's e de melhorias na infraestrutura e na divulgação das atividades, com o objetivo de inserir um maior número de consumidores das artes humanas e através do Ministério da Cultura, impedir um hiato entre a população brasileira e toda a produção que a move. Dessa forma, artistas, compositores e escritores sentem-se valorizados e os indivíduos, culturalmente unidos.

Flora Fernweh
Enviado por Flora Fernweh em 30/05/2020
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