Cansados o suficiente?

Desde os primórdios da humanidade, o cansaço se faz presente. Evidencia-se que tudo aquilo que de algum modo, seja físico ou psicológico, cansa o ser humano, está relacionado à ideia de trabalho, e consequentemente, de civilização. Segundo o filósofo clássico Platão, o cansaço físico, mesmo que suportado forçosamente, não prejudica o corpo, enquanto o conhecimento imposto à força não pode permanecer na alma por muito tempo. À partir disto, pode-se inferir que uma das expressões do cansaço no mundo contemporâneo enraiza-se no campo mental.

O século XXI é profundamente marcado por patologias neuropsicológicas, alguns dos grandes males que assolam a população mundial nos dias de hoje, são a depressão, a ansiedade e a esquizofrenia. Analisando os motivos geradores destes distúrbios, é possível identificar o ambiente, incluindo fatores sociais e culturais como uma das principais causas motrizes. Tendo em vista a agilidade que permeia o mundo atualmente, as inúmeras redes, conexões e a sistematização social do trabalho, e as exigências cada vez mais latentes de um mercado em vias de constante mudança, é possível deduzir que o cansaço das mais diversas naturezas contribui com essas mazelas.

De acordo com uma pesquisa recente do Ibope, um percentual de 98% dos brasileiros entrevistados se dizem cansados e 61%, exaustos. Esses dados demonstram que o comportamento da população brasileira frente à ideia de trabalho, sustento e cumprimento de metas, torna-se gradativamente prejudicada devido o cansaço que se abate. Soma-se a isso, o sentimento de fraqueza e frustração pelos objetivos não alcançados, o que ocasiona a letargia e a desmotivação que fazem parte do cotidiano de grande parte dos indivíduos.

Diante desta epidemia de cansaço que adoece o mundo aos poucos, é essencial priorizar a saúde mental, por meio de atividades produtivas, terapias e adoção de hábitos benéficos. Além disso, o descanso diário é fundamental, assim como a "fuga" da realidade conturbada que não respeita a imperfeição dos seres humanos. Para que haja qualidade e desenvolvimento de novas habilidades, é importante um equilíbrio em todas as esferas da vida, e a certeza de que antes de qualquer outra coisa ou ocupação, todo indivíduo, é um ser dotado de sentimentos, fraquezas, pensamentos e humanidade.

Flora Fernweh
Enviado por Flora Fernweh em 05/03/2020
Reeditado em 30/10/2021
Código do texto: T6881102
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